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Por demanda de policiais, Bolsonaro volta a procurar Maia nesta quinta

Esta é a segunda vez na semana que o presidente toma a iniciativa em relação ao Legislativo após pressão da categoria

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner e Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA -O presidente Jair Bolsonaro voltou a procurar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na manhã desta quinta-feira, 4, para tentar viabilizar um acordo que contemple ao menos parte das demandas de policiais na reforma da Previdência. Segundo Bolsonaro, ele ligou para Maia para que acertem pontos que envolvem a Polícia Militar, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Esta é a segunda vez na semana que o presidente toma a iniciativa em relação ao Legislativo após pressão da categoria. 

Bolsonaro entre Alcolumbre (à esq.) e Maia, em fevereiro Foto: LUIS MACEDO/AG. CÂMARA

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Ao discursar na cerimônia de posse do ministro da Secretaria de Governo, Bolsonaro indicou que ajustes com policiais militares precisam ser feitos para viabilizar a aprovação da proposta. "Estão faltando pequenos ajustes que são visíveis e serão ajustados brevemente, quando se fala, por exemplo, da nossa polícia militar. Alguns poucos falam em privilégios. E a certeza que eu tenho que policial militar é uma classe que nunca teve privilégios", defendeu.

Na sequência, ele falou sobre a conversa que teve com Maia antes do evento. "O que nós queremos é consolidar essa decisão (sobre policiais militares). Já conversei agora há pouco com Rodrigo Maia, que está tendo uma participação excepcional na questão da Previdência, de modo que acertemos na questão da Polícia Militar, bem como da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. A certeza é que todos nós temos que contribuir para que a questão fiscal, que se busque uma solução para ela, para que o Brasil saia dessa situação bastante complicada", afirmou.

Ele também defendeu a aprovação da reforma dizendo que não existe outra alternativa. "Não temos plano B. O plano é este: o plano A. E ele (Ramos) entra agora também buscando soluções para essa questão. Eu até apelo aos parlamentares aqui presentes, como fiz agora há pouco com a bancada do campo, uma bancada que orgulha a todos."

Vaivém

Na quarta-feira, 3, o presidente admitiu que sugeriu mudanças para a aposentadoria de policiais no texto da reforma da Previdência. "Eu fiz uma excelente proposta, não aceitaram. Agora vai para o voto", lamentou ao ser questionado sobre se teria feito alguma orientação sobre o assunto. Bolsonaro completou dizendo que "o problema é que ninguém quer perder nada" e voltou a afirmar que "todos têm que dar sua contribuição".

No mesmo dia, líderes anunciaram que tinham fechado um acordo. A proposta permitia que a categoria conseguisse se aposentar com idade mínima de 53 anos (homem) e 52 anos (mulher). Na transição, eles também teriam o direito ao último salário da carreira (integralidade) e reajustes iguais aos da ativa (paridade) desde que cumprissem um pedágio de 100% sobre o tempo que faltasse para trabalhar. Ou seja, se faltarem dois anos, o agente teria que trabalhar mais quatro anos.

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A proposta original, enviada pelo governo em fevereiro, cria uma idade mínima de 55 anos para a aposentadoria da categoria, com 30 anos de contribuição. As exigências foram mantidas na terceira versão do parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), lida na quarta, na Comissão Especial que analisa a proposta na Câmara.

Atualmente, não há idade mínima para policiais federais se aposentarem, e sim apenas uma exigência de 30 anos de contribuição, se homem, e 25 anos, se mulher.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o acordo fracassou. "Uma concessão a policiais poderia gerar efeito cascata", disse Maia, após reunião com Moreira e o presidente da comissão especial, Marcelo Ramos (PL-AM). "Bolsonaro deve ter ligado para parlamentares. É legítimo que o presidente ache que um bom acordo é melhor que um confronto", avaliou Maia. 

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