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Por problemas internos, clima econômico na América Latina sofre deterioração, diz FGV

Indicador de Clima Econômico recuou 7,0% no trimestre encerrado em julho e atingiu o menor nível desde julho de 2009; Brasil apresentou uma das pioras mais intensas no indicador

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

A deterioração do clima econômico na América Latina no trimestre encerrado em julho em relação ao três meses anteriores se deve a problemas domésticos enfrentados pelos países da região, segundo avaliação da Fundação Getulio Vargas (FGV).

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A FGV divulgou nesta quarta-feira, 13, o Indicador de Clima Econômico (ICE), que recuou 7,0% no trimestre até julho, para 84 pontos. Esse é o menor patamar desde julho de 2009.

Entre os 11 países alvos da pesquisa, o Brasil apresentou uma das pioras mais intensas no clima econômico. O indicador do País passou de 71 pontos em abril deste ano para 55 pontos no trimestre encerrado em julho, uma queda de 22,5%. Na comparação com igual período de 2013, o recuo foi de 27,0%.

"A avaliação da situação atual vem se deteriorando desde janeiro, com piora nas expectativas e na avaliação da situação econômica em geral", observou a FGV. Na edição anterior da sondagem, referente a abril, a instituição já havia destacado que falta de competitividade internacional, falta de confiança no governo, inflação, déficit público e falta de mão de obra qualificada eram apontados como os principais entraves para o crescimento econômico do Brasil.

A FGV ressaltou ainda que o ICE do Brasil se manteve novamente abaixo do indicador da Argentina, que caiu de 75 pontos para 57 pontos. Assim, o indicador de clima econômico brasileiro supera apenas o da Venezuela na lista, que permanece no valor mínimo de 20 pontos.

"A situação na Argentina pode ser explicada pela crise econômica e pelas incertezas trazidas pelos problemas enfrentados na renegociação da dívida externa com os chamados 'Fundos Abutres'", explicou a FGV.

A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A pesquisa é aplicada com a mesma metodologia em todos os países da região. Para a edição até julho de 2014, foram consultados 1.146 especialistas em 121 países. Na América Latina, foram 140 analistas ouvidos. A escala oscila entre o mínimo de 20 pontos e o máximo de 180 pontos. Indicadores superiores a 100 estão na zona favorável e abaixo de 100 na zona desfavorável.

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Ucrânia e energia. A pesquisa, realizada pela FGV em parceria com o instituto alemão Ifo, incluiu um quesito especial na edição do trimestre até julho sobre a questão entre Ucrânia e Rússia. Segundo a instituição, os especialistas ao redor do mundo avaliaram que o acirramento recente dos problemas na Ucrânia impõe um risco considerável de elevação do preço de energia no futuro próximo, com potenciais efeitos negativos sobre o clima econômico. "Na América Latina, contudo, os especialistas entrevistados não avaliaram este ponto como um fator adicional de risco. Logo, a piora do ICE na região latina é decorrente de problemas domésticos", observou a FGV.

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