
18 de dezembro de 2015 | 05h00
O grupo CR Almeida está perto de fechar um acordo que vai lhe garantir o aporte de R$ 2 bilhões e dar fôlego à companhia controladora da EcoRodovias, a concessionária que opera as rodovias Imigrantes e Anchieta. Depois de seis meses de negociação, com seis grupos no páreo, a família decidiu se associar a um antigo conhecido: o grupo italiano de concessões rodoviárias Gaveo.
Segundo o Estado apurou, uma nova empresa será criada para substituir a Primav, holding que hoje detém 64% da EcoRodovias e que está integralmente nas mãos da CR Almeida. Até 2012, a Primav era uma sociedade entre a empresa brasileira e a Impregilo, maior construtora de capital aberto da Itália. Esse grupo, por sua vez, era controlado pelo Gaveo na época.
Três grupos avaliam aporte na EcoRodovias
O movimento foi questionado pelo mercado e até por alguns dos seis herdeiros do fundador Cecílio do Rego Almeida, falecido em 2008. Com o aumento da taxa de juros, o valor da dívida disparou, ao mesmo tempo em que as empresas do grupo começaram a perder receita. “Como a família estava muito alavancada, o mercado temia que a EcoRodovias teria de pagar dividendos para a holding para resolver o problema do acionista controlador”, diz uma fonte próxima às negociações. “Com o aporte, esse risco desaparece. A empresa vai poder se concentrar nos negócios e no crescimento.”
O negócio não tira a Primav de cena. Ela continuará no controle dos outros negócios da família, como a construtora CR Almeida. O grupo brasileiro passará a deter 50% da nova companhia e os italianos serão donos de outros 50%.
Com receita anual de € 4 bilhões, o Gaveo disputou a participação na EcoRodovias com a também italiana Atlantio, com a francesa Vinci, do setor de infraestrutura, a canadense Brookfield, a espanhola Arteris, dona da OHL, e a CCR. Bradesco e BTG, junto com Merrill Lynch, foram os coordenadores do negócio.
Novas vendas. O acordo com o Gaveo, no entanto, não deve interferir no processo de venda de outros ativos do Grupo CR Almeida. No primeiro semestre, a Primav colocou à venda a Elog, uma das maiores operadoras logísticas do País, que pertence à EcoRodovias. Essa empresa foi adquirida em 2010 pelo grupo, mas seus resultados ficaram aquém do esperado.
Outro ativo que pode ser vendido é a Ecoporto – um terminal em Santos, adquirido em 2012, mas que viu sua movimentação ser prejudicada pela entrada de Embraport e BTP. “Esses ativos continuam à venda porque a empresa decidiu sair de negócios que fazem mais sentido para ela”, diz uma fonte próxima ao grupo. Seria uma forma de gerar caixa para EcoRodovias.
Resultado. Ao fim de setembro, a dívida bruta consolidada da companhia era de R$ 5,1 bilhões. O endividamento medido pela dívida líquida sobre o Ebitda (potencial de geração de caixa) foi de 3,2 vezes no último trimestre. A EcoRodovias tem em caixa R$ 723 milhões.
A assessoria de imprensa da CR Almeida não foi encontrada para comentar a informação.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.