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Porto de Recife perde carga e busca nova identidade

Por Agencia Estado
Atualização:

Essencial para a economia nos tempos do Brasil colônia, o histórico Porto de Recife (PE) chega ao século 21 buscando uma nova identidade. É administrado desde 1999 pela Porto de Recife SA, uma empresa de economia mista ligada ao governo do Estado. Nos últimos anos, Recife começou a enfrentar a concorrência com o Porto de Suape, localizado no litoral sul de Pernambuco. Desde que Suape inaugurou seu novo terminal de contêineres, Recife perdeu suas duas linhas de navegação de cabotagem (navegação entre Estados) para o concorrente. E as cargas foram junto. De janeiro a maio, o porto da capital pernambucana movimentou 650 mil toneladas de carga, 28% a menos do que no mesmo período do ano passado. O diretor-presidente do Porto do Recife, Leão Diniz Ávila, afirma que os profissionais ligados aos dois portos discutem com o governo do Estado uma forma de definir a vocação de um e de outro. Suape tende a ser um porto concentrador (hub port) e mais especializado em contêineres. "Já Recife poderia desenvolver melhor sua capacidade para operar granéis, principalmente fertilizantes, açúcar e trigo", declara Ávila. O porto já tem um grande terminal da Sindaçúcar (empresa que reúne os usineiros da região) e opera 500 mil toneladas do produto por ano. Possui também um terminal da Moinho Santista e opera 400 mil toneladas de trigo por ano. "Temos capacidade para receber muito mais granéis", diz Ávila. De acordo com ele, a diminuição da exportação do açúcar foi uma das causas para a queda brusca no movimento nos primeiros cinco meses deste ano. "O escoamento da safra normalmente vai até março; mas, desta vez houve uma antecipação das vendas e o açúcar foi todo embarcado até janeiro", declara. Ávila admite que Recife perdeu carga este ano com a decisão da Docenave e da Aliança de partirem para Suape. A Mercosul Line, subsidiária da empresa anglo-holandesa P&O também vai fazer o mesmo. Com isso, Recife perde as suas duas únicas linhas de cabotagem. Segundo Ávila, o Porto de Suape ofereceu melhores condições para atrair esses armadores. "Suape foi todo construído depois da Lei dos Portos de 1993 e tem grande presença da iniciativa privada, não tem as amarras da administração estatal", declara. Ávila explica que um dos problemas de Recife é a baixa profundidade de suas águas, de 8,5 metros, o que impede a entrada de navios grandes. Segundo ele, a autoridade portuária solicitou ao Ministério dos Transportes uma verba de R$ 9,1 milhões para a dragagem com o objetivo de aumentar o calado para 10 metros. Licitações O Porto do Recife vai lançar nos próximos dias três editais de licitação para arrendar o terminal de coque de petróleo e os armazéns 7 e 9, cada um com aproximadamente 2 mil metros quadrados. Os editais da licitação foram encaminhados ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e só serão publicados depois que receberem o aval da instituição. A concorrência será por maior preço. O terminal de coque de petróleo (resíduo do refino do petróleo com alto poder calorífico usado em fornos industriais) já tem uma empresa interessada: a pernambucana Petro Energia. O armazém 7 será utilizado para movimentação de pescados. A principal interessada, segundo Ávila, é a empresa nacional Norte Pesca, que decidiu sair da sua base em Natal (RN) para abrir um terminal em Recife com o objetivo de exportar peixe fresco e congelado através do Aeroporto Internacional dos Guararapes. "O porto está apenas a 12 km do aeroporto e isso é uma vantagem logística", afirma ele. O terminal 9 será utilizado para construção de silos de trigo e tem como principal interessada a Moinho Santista, que pretende ampliar sua atuação em Recife. Se não houver contestação do TCE, os nomes dos vencedores deverão ser anunciados em julho. Leia mais sobre Transportes e Logística no AE Setorial, o serviço da Agência Estado voltado para o segmento empresarial.

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