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Portugal encolhe com crise

Em três anos, o país perdeu 100 mil pessoas

Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA - A austeridade imposta pela Europa fez com que a população de Portugal encolhesse nos últimos três anos. Dados divulgados em Lisboa apontam que, entre 2009 e 2012, o país sofreu uma redução de quase 100 mil pessoas entre seus residentes. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a população portuguesa está no nível mais baixo dos últimos seis anos e há três anos consecutivos o número de habitantes diminui.Portugal encerrou 2012 com uma população residente de 10,49 milhões de pessoas, 55 mil menos do que no fim do ano anterior. Em 2009, esse número era de 10,57 milhões.Com a crise, corte de salários, desemprego recorde e redução de benefícios sociais, famílias adiaram os planos de ter filhos. Em 2011, 96 mil crianças nasceram no país. Em 2012, esse número foi de 89 mil. Já o número de mortes superou a marca de 107 mil, o que significa que, hoje no país, morre mais gente do que nasce. Um segundo fator foi a opção de milhares de portugueses em buscar trabalho no Brasil, Angola, Alemanha ou Suíça. Isso sem contar com centenas de estrangeiros que, diante da crise, optaram por retornar a seus países. "Em 2012, o número de emigrantes permanentes (51.958) ultrapassou o de imigrantes permanentes (14.606)", indicou o INE. O resultado foi um saldo migratório negativo de 37.352. A saída de pessoas de Portugal em 2012 se acentuou em comparação a 2011, quando o saldo migratório já havia sido negativo, mas em 24 mil pessoas. A crise também teve seu impacto na organização de famílias. Nunca tão poucas pessoas se casaram em Portugal quanto em 2012. Foram apenas 3,3 casamentos para cada mil pessoas. Em 2004, essa taxa chegava a 4,4. Ironicamente, nunca os divórcios foram tão raros quanto em 2012. Motivo: o custo de casar e o custo de se divorciar. O governo português, porém, insiste que em 2014 o país voltará a crescer, depois de três anos de uma contração no PIB. Em 2013, a perda será de 1,8%. Em 2014, a expansão prevista é de 0,8%.

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