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Potência em sustentabilidade

Grande produtor e exportador mundial de alimentos, Brasil tem desafios a superar para se tornar referência ambiental agropecuária, avaliam especialistas reunidos em fórum do Estado

Por Tania Rabello e Cleyton Vilarino
Atualização:

O Brasil já é uma potência em produção e exportação de alimentos e vem sendo reconhecido, cada vez mais, como referência em agropecuária tropical sustentável e produtor de energias limpas e renováveis. Ainda há, porém, desafios a serem superados, como marcos regulatórios e legislação que contribua para elevar a competitividade do setor, além de redução de desmatamento. Esses temas foram discutidos no Fórum Estadão Agronegócio Sustentável, promovido na última quarta-feira, dia 21 de novembro, em São Paulo, em parceria com a Apex Brasil. 

Gustavo Porto (E), mediador; Ananias, da CNA, Moretti, da Embrapa; Aline, do Rabobank, e Geroni, da Basf Foto: Hélvio Romero/Estadão

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Em sua exposição, o presidente da Apex Brasil, Roberto Jaguaribe, reconheceu o caráter sustentável do campo brasileiro, mas alertou que “sustentabilidade depende de rentabilidade e isso tem de caminhar junto”. Sob este aspecto, sem as tecnologias já aplicadas, o Brasil precisaria de 100 milhões de hectares a mais de lavoura para obter a mesma quantidade de produção atual, destacou o coordenador de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho. “Fizemos nosso dever de casa. Se a gente conseguiu avançar na produtividade, isso nos faz ter uma poupança ambiental”, assinalou. 

O diretor executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Celso Luiz Moretti, ressaltou que o Brasil preserva 66% do seu território e que 25% das matas nativas estão nas propriedades rurais. Acrescentou, ainda, que o País produz 35 milhões de hectares de soja “sem aplicar 1 grama de adubo nitrogenado, com economia de US$ 13 bilhões na safra 2016/2017”. 

A analista sênior do Rabobank, Aline Aguiar, destacou, porém, a perda de competitividade pela falta de aprovação de marcos regulatórios importantes, como o projeto de lei dos agrotóxicos, em tramitação no Congresso, e que vai acelerar a aprovação de novas tecnologias de controle de pragas e doenças nas lavouras. “Perdemos em produtividade por causa da morosidade na aprovação”, disse.

O diretor de Inovação, Biotecnologia e Pesquisa da Basf na América Latina, Ademar De Geroni, confirmou que a demora na aprovação de defensivos contribui para custos maiores. “Com celeridade (na aprovação de defensivos), teremos mais ferramentas, competitividade e, consequentemente, benefícios para o produtor”, ressaltou.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Vieira, assinalou a eficiência do campo, mas advertiu que o País é um dos mais fechados. “Temos de abrir mais nossos mercados.” Vieira elogiou a legislação pertinente ao campo, como a trabalhista e a ambiental, “bastante exigentes”. Mesmo assim, disse, há falhas na regulamentação, que fazem com que fiscais de trabalho e ambientais tomem decisões subjetivas. “Só que eles tendem a decidir para depois não serem questionados e isso acarreta custos altíssimos para o produtor se adequar (à legislação).” Já o colunista do Estado, Celso Ming, comentou que a demanda mundial crescente por alimentos deve reduzir os efeitos da crise econômica – que não é a pior que o País já viveu – sobre o setor. “Embora possa haver alguma recessão ou desaceleração da economia, teremos certamente uma demanda grande internacional por alimentos”, disse.

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