
14 de outubro de 2015 | 02h53
Vale recordar que, no ciclo de baixa da taxa básica de juros (Selic), entre junho de 2012 e setembro de 2013, o Banco Central (BC) determinou que os depósitos em poupança deveriam ter um rendimento mensal correspondente a 70% da taxa Selic anual, sempre que esta fosse igual ou inferior a 8,5% ao ano. Com isso, o BC procurou evitar que as aplicações em poupança, que são isentas do pagamento do Imposto de Renda, se tornassem mais atrativas que outros investimentos em renda fixa.
Contudo, a regra aplicada quando a Selic era relativamente baixa não é válida quando essa taxa é muito superior a 8,5% ao ano, como ocorre há vários meses. Como resultado, o saldo total da poupança diminui a cada mês que passa, visto que a Selic está fixada em 14,25% ao ano. Também desestimulam os depósitos em poupança a inflação de 9,53% nos últimos 12 meses e a recessão, que faz crescer o desemprego e reduz a renda das famílias.
Note-se que o valor das retiradas em setembro foi superior também ao rendimento das cadernetas (R$ 4,2 bilhões), baixando o saldo total dessa aplicação para R$ 644,1 bilhões, R$ 18,6 bilhões menos que o saldo no fim de dezembro de 2014 (R$ 662,7 bilhões), uma queda de 2,8%. Nessa marcha, o saldo das cadernetas pode ficar em torno de R$ 630 bilhões no fim de 2015.
O BC atribui boa parte das retiradas da poupança feitas nos últimos meses a “novos investidores”, atraídos pelas vantagens que as cadernetas ofereciam no passado. A presunção é de que, apesar dos saques recentes, os pequenos aplicadores mais antigos se habituaram a fazer uma reserva de valor usando as cadernetas e, por isso, devem voltar a aplicar nelas, dada sua estabilidade.
Para aliviar um pouco as perdas dos depositantes, a única medida tomada pelo BC foi reajustar a Taxa Referencial (TR), que se soma aos juros de 0,5% por mês das cadernetas. A TR variou de 0,0905 a 0,2499 no mês passado, elevando o ganho das cadernetas com aniversário em 1.º de outubro para 0,6799%.
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