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Poupança volta a ter captação positiva

Após dois meses de perdas, a caderneta registrou saldo de R$ 1,88 bi, atribuído à ligeira melhora da economia

Por Fernando Nakagawa , Fabio Graner e BRASÍLIA
Atualização:

Após dois meses de perdas, a caderneta de poupança voltou a fechar no azul em maio. No mês passado, os depósitos superaram os saques em R$ 1,88 bilhão, praticamente o mesmo valor que saiu das contas em março e abril. O aumento das aplicações, no entanto, não mostra uma migração de investidores de outras aplicações. Apesar do temor de troca em massa dos fundos de investimento para as cadernetas, apenas R$ 400 milhões deixaram os fundos no mês passado. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que essa captação positiva conseguiu até reverter o resultado da poupança no ano, que voltou a ficar positivo. Até abril, as contas haviam perdido R$ 1,52 bilhão. Com maio, porém, o ano voltou para o azul, com entrada de R$ 357 milhões. No fim de maio, o saldo de todas as contas chegou a R$ 278,56 bilhões Mesmo com a avaliação de alguns economistas de que a queda da taxa Selic deflagraria uma troca dos fundos de investimento (que pagam Imposto de Renda e taxa de administração) pelas cadernetas (que não pagam nenhum desses encargos), os dados de maio não mostram nenhum sinal de fuga em massa. "Os números são absolutamente normais. A entrada é bem modesta se você comparar com o saldo total da poupança e o tamanho da indústria de fundos de investimento no Brasil", diz o administrador de investimentos Fábio Colombo. A captação de maio é, por exemplo, apenas 0,91% maior que a de agosto, mês que antecedeu o agravamento da crise. Para Colombo, a volta dos depósitos pode ter relação com a situação mais tranquila da economia nas últimas semanas. "Com o agravamento da crise financeira, os saques começaram a prevalecer porque muitas pessoas começaram a precisar do dinheiro. Mas, se a situação melhora, é normal que haja alguma sobra que pode ser poupada." Colombo diz que, se o mercado de trabalho e os indicadores de renda continuarem em trajetória positiva, é possível que haja ainda mais recursos para as cadernetas. O governo já avisou que, no momento em que ficasse configurado um movimento de migração de recursos para as cadernetas, poderia reduzir a tributação dos fundos de investimento para manter a competitividade desse tipo de investimento. O secretário extraordinário de reformas econômico-fiscais, Bernard Appy, no entanto, avaliou que a captação positiva de maio não é um indicativo de migração maciça. "O que está acontecendo é um retorno à normalidade, um indicativo de que o anúncio das medidas (de tributação da poupança) foi bem recebido. A captação de maio foi absolutamente normal", afirmou. Appy destacou que o volume captado em maio apenas repôs as perdas dos dois meses anteriores, que ocorreram, segundo ele, por causa da insegurança criada pela discussão sobre mudanças na poupança e a exploração política do tema por partidos oposicionistas. Ele não mencionou a partir de que valor de captação líquida o governo consideraria a existência de migração.

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