Com a dificuldade de um acordo comercial amplo que envolva a questão agrícola, o governo brasileiro deveria insistir nas negociações bilaterais de comércio. O conselho é do ex-ministro da Agricultura e presidente do conselho da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Pratini de Moraes. "O programa agrícola não se resolverá no plano multilateral, pois o novo nome do protecionismo é sanidade animal e vegetal. Essas questões não se resolvem multilateralmente, mas sim com acordos entre os países", completou. A proximidade de eleições presidenciais nos Estados, o fim dos mandatos dos comissários da União Européia e a recessão mundial são fatores que, na avaliação de Pratini, dificultam as negociações comerciais. "Não há acordos comerciais importantes em períodos de recessão, o que, na minha maneira de ver, é um erro dos governos. Uma negociação comercial poderia ser um fator de apoio à retomada econômica." Segundo ele, em Doha, já se conversava nos bastidores das dificuldades de terminar as negociações em 2005 em função desses três fatores.