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Pratini sugere compensar perda com Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, defendeu, nesta terça-feira, a adoção de um mecanismo semelhante ao Convênio de Crédito Recíproco (CCR) para proteger as empresas brasileiras contra a queda de exportações para a Argentina, que deve causar perda prevista em US$ 1,3 bilhão. Na avaliação de Pratini, que já foi presidente da Associação Brasileira de Exportadores (AEB), por meio deste mecanismo o governo brasileiro se comprometeria a garantir o pagamento aos exportadores brasileiros por um certo período e até um determinado limite, em troca do compromisso da Argentina de honrar esses créditos posteriormente. ?Com isto o fluxo das exportações seria mantido, evitando-se a queda das exportações?, salientou. A ampliação do CCR é um assunto que já vem sendo tratado no âmbito da área econômica do governo e deve ser discutido na reunião que os ministros das Relações Exteriores, Celso Lafer, da Fazenda, Pedro Malan, e o próprio Pratini de Moraes terão nesta quarta-feira com o chanceler argentino Carlos Ruckauf. A medida, na avaliação de Pratini, beneficiaria especialmente o setor de máquinas e equipamentos, um dos mais prejudicados pela mudança que desatrelou o peso argentino do dólar. Atualmente a demanda por bens de capital produzidos por empresas brasileiras por parte da Argentina é praticamente inexistente, devido a dificuldades de crédito. O ministro Pratini de Moraes explicou que, do ponto de vista do agronegócio, a crise Argentina terá pouco reflexo no Brasil. ?Este é um segmento importante de lá para cá. As exportações de agronegócio para a Argentina devem estar em torno de 6% a 7%?, salientou. O ministro da Agricultura, ressaltou, no entanto, que o governo deve aproveitar este momento ? em que a Argentina está buscando a parceria do Brasil para enfrentar seus problemas ? para negociar o fim das barreiras impostas pelo governo daquele país, que impedem as exportações do açúcar brasileiro. O Brasil é o maior produtor de açúcar do Mercosul, mas não pode vender seu produto aos argentinos porque, além de não aceitar a inclusão do produto na pauta do Bloco, a Argentina sobretaxa o açúcar duas vezes: aplica uma tarifa fixa de 18%, mais uma ?tarifa móvel flutuante?, a título de compensação no mercado interno. Esta tarifa móvel pode variar de 18% a 249%. Estas taxas começaram a ser aplicadas em 1997, quando o Congresso argentino restringiu as importações brasileiras, por meio da Lei 24.822. Pratini de Moraes disse ainda que o Brasil deve ficar alerta com relação a dois setores ? trigo e lácteos ? porque a competitividade dos argentinos vai aumentar muito nesses segmentos com a mudança na política cambial. No caso do trigo, o Brasil importa quase US$ 1 bilhão anualmente do país vizinho. E, com relação aos lácteos, as empresas brasileiras estão protegidas atualmente por um acordo de preços firmado no ano passado, que evitou a prática de dumping pelos exportadores argentinos. Por esse acordo, o leite em pó argentino não pode entrar no Brasil por preço inferior a US$ 1,9 a tonelada. ?Estes são dois produtos críticos para o Brasil?, afirmou. Pratini garantiu, no entanto, que não está havendo problemas de suprimento de trigo, porque o grosso das importações deste ano já foi efetivado. Leia o especial

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