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Prazo para relatório final sobre BVA é prorrogado

Interventor terá mais 60 dias para terminar trabalho. Conclusão vai apontar se o banco é viável e se poderá continuar funcionando

Por Leandro Mode e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - O interventor do Banco Central (BC) no BVA, Eduardo Félix Bianchini, pediu prorrogação do prazo para elaborar o relatório e o balanço que mostrarão as reais condições da instituição financeira. O prazo original vencia nesta quarta-feira, 19, exatos dois meses após o BC intervir no banco. Bianchini tem mais 60 dias para terminar o trabalho, mas, segundo fontes que acompanham o assunto, não deve usar todo esse tempo.

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O relatório é fundamental para que o próprio BC e eventuais interessados no BVA saibam se o banco é viável e se poderá continuar funcionando. O Estado apurou que há três potenciais compradores.

Um deles é o controlador do grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, que teria cerca de R$ 600 milhões presos no banco. Ele já levou aos controladores da instituição, ao BC e ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) um esboço de proposta pelo BVA. Mas a proposta definitiva só poderá ser apresentada após o levantamento completo dos números do banco. Além de Andrade, há outros dois interessados, que, até agora, não fizeram proposta. Ambos estariam à espera dos números finais da instituição.

Parte desse trabalho está sendo feita pela equipe liderada por Bianchini. Outra parte é coordenada pelo banco de investimentos BR Partners, contratado pelo FGC, que já pagou cerca de R$ 1 bilhão aos clientes do BVA e, com isso, se tornou o principal credor do banco.

A expectativa de pessoas envolvidas com o assunto é de que o trabalho do BR Partners esteja concluído até sexta-feira. Ainda segundo fontes próximas do processo, o BVA teria até agora um passivo a descoberto de aproximadamente R$ 1,5 bilhão.

Bancos

Diferentemente de outros bancos que quebraram no País nos últimos anos (notadamente Panamericano e Cruzeiro do Sul), no BVA, até agora, não foram encontradas fraudes. O passivo a descoberto é fruto, principalmente, de garantias de créditos concedidos pelo banco.

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Segundo pessoas que conhecem a instituição, o BVA tinha como característica emprestar para empresas de médio porte e deixar a maior parte do débito para ser liquidada no final do contrato. Como contrapartida, exigia garantias, como imóveis.

Entre os ativos do banco constam pouco mais de R$ 300 milhões em imóveis executados por inadimplência. O problema é que, em muitos casos, a documentação do imóvel está incompleta. Não há, por exemplo, certidão de registro em cartório.

O mesmo ocorre com imóveis que são garantia de empréstimos que ainda estão na carteira. A legislação obriga o BC a fazer provisões para todos esses empréstimos com garantias duvidosas. Por isso, a conta do passivo total está perto de R$ 1,5 bilhão.

Se as garantias se revelarem reais, o buraco final será menor. De outro lado, a apuração dos números pelos técnicos poderá revelar passivos que até agora não apareceram e, consequentemente, inviabilizar o banco.

O BC interveio no BVA porque o banco não conseguiu honrar alguns depósitos de clientes. É o que se chama tecnicamente de crise de liquidez. Por isso, os atuais controladores estão buscando clientes com dinheiro no BVA para que eles aceitem um período de carência para sacar seus recursos no caso de o banco ser mesmo vendido.

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