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Preço afastou concorrentes do leilão

Com valor mínimo de R$ 1,478 bilhão, projeto só poderia ser arrematado por empresa de grande porte

Por Renée Pereira
Atualização:

Uma das possíveis explicações para o esvaziamento do leilão da Ferrovia Norte-Sul é o preço mínimo da subconcessão, calculado em R$ 1,478 bilhão. Um projeto desta magnitude apenas pode ser arrematado por uma empresa com grande suporte financeiro, avalia o diretor da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça. ''''Esse empreendimento é para grandes players, pois o retorno é de longo prazo.'''' As outras empresas que se pré-qualificaram sentiram na pele esse peso. Um diretor da Alvorada Serviços de Engenharia, que prefere não se identificar, traduziu a dificuldade em uma frase: ''''Faltou dinheiro''''. Segundo ele, o valor do leilão era muito alto e a empresa não conseguiu financiamento para participar da disputa. ''''O grau de risco é elevado para um investimento tão alto. Quando vimos a dimensão do projeto, entendemos que não era para nós. Somos de médio porte.'''' Mesmo assim, a empresa conseguiu se pré-qualificar. As informações que chegaram à Valec, estatal que cuida da subconcessão da ferrovia é que a Alvorada seria uma representante de investidores russos e a ARG seria parceira de chineses. Na Alvorada, essa informação foi desmentida. Rodrigo Vilaça acredita que a falta de concorrência no leilão da Norte-Sul é uma indicação de que o setor ainda precisa de mais estabilidade, seja no lado jurídico, ambiental ou tributário. De qualquer forma, ele acredita que a subconcessão dará maior poder de fogo para levar a ferrovia adiante. Ele completa que o traçado da obra beneficia a Vale do Rio Doce, já que a empresa detém a concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC), rumo ao Porto de Itaqui, em São Luís (MA), e também da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que sai de Goiás e vai para o Sudeste e Nordeste. A Norte-Sul, quando concluída, irá até Anápolis (GO). Mas, nesse trecho, a expectativa é que haja um novo leilão. Outra concessão que está nas mãos da Vale é a Vitória-Minas. O professor da Coppead/UFRJ, Paulo Fleury, avalia que a ferrovia cai como uma luva para a Vale, que tem uma infra-estrutura montada na região, como o Porto de Itaqui e a EFC. Apesar de alguns ainda dizerem que o empreendimento não é viável, especialistas garantem que a ferrovia será um avanço para o País. ''''Quem diz isso não conhece o potencial da região'''', diz Vilaça.

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