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Preço ao consumidor sobe nos EUA, núcleo fica contido

Por MARK FELSENTHAL
Atualização:

A alta da gasolina ajudou a elevar os preços ao consumidor nos Estados Unidos em maio, o maior aumento em seis meses. Apesar disso, o núcleo do índice permaneceu em patamar baixo, mostrou um relatório do governo nesta sexta-feira, o que reduziu os temores no mercado financeiro com a inflação. Outro relatório divulgado nesta sexta-feira mostrou que o índice de confiança do consumidor norte-americano caiu em junho para o menor patamar em 28 anos. O Departamento de Comércio informou que o índice de preços ao consumidor subiu 0,6 por cento em maio, um pouco acima da previsão de 0,5 por cento feita por analistas ouvidos pela Reuters, após o modesto ganho de 0,2 por cento em abril. No entanto, o chamado núcleo do índice, que exclui os voláteis preços de energia e alimentos, subiu 0,2 por cento, conforme o esperado. O avanço dos preços da gasolina e as condições mais fracas do mercado de trabalho afetaram o ânimo dos consumidores. O índice de confiança da Reuters/Universidade de Michigan registrou leitura de 56,7 em junho, ante 59,8 em maio. Economistas em Wall Street esperavam uma leitura de 59,5. "Os números de inflação de hoje não adicionam pressão para que o Fed eleve a taxa de juro", afirmou Mark Vitner, economista-sênior da Wachovia Corp, in Charlotte, na Carolina do Norte. Os preços dos bônus norte-americanos subiram e o dólar caiu à medida em que os operadores reduziram suas expectativas em relação ao aumento da taxa de juro pelo Federal Reserve. O mercado acionário recebeu bem a notícia sobre o comportamento do núcleo do índice de preços. O índice Dow Jones chegou a subir mais de 1 por cento. Os preços de energia subiram 4,4 por cento em maio, maior alta desde novembro, após permanecerem estáveis em abril. A gasolina avançou 5,7 por cento, também a maior alta em seis meses. Em termos anuais, o índice de inflação subiu 4,2 por cento, a maior leitura desde janeiro. Mas o núcleo teve alta de 2,3 por cento nos últimos 12 meses até maio, mesma leitura registrada em abril neste tipo de comparação. AUMENTO DE JUROS? Autoridades do Fed e de outros bancos centrais deixaram claro que eles estão bem atentos a qualquer sinal de que o avanço dos preços de alimentos e energia esteja contaminando outros custos. A leitura mais benigna do núcleo de preços deve ser bem recebida por essas autoridades. O banco central dos EUA prefere focar no núcleo dos preços para definir a taxa de juro, já que em sua visão, esse é um indicador mais preciso do cenário de inflação. Entretanto, nos últimos dias membros do Fed passaram a demonstrar preocupação com os preços altos do petróleo e alertaram para o risco do aumento das expectativas inflacionárias tornar-se uma profecia auto-realizável. Na última reunião, o Fed reduziu os juros em 0,25 ponto percentual, para 2 por cento. Foi o sétimo corte desde meados de setembro. Ao todo, o juro básico dos EUA foi reduzido em 3,25 pontos durante o ciclo de afrouxamento. O mercado espera que o Fed mantenha o juro no atual patamar, na reunião de 24 e 25 de junho, mas muitos agentes do mercado aguardam uma série de aumentos da taxa a partir da segunda metade do ano. (Reportagem adicional de Burton Frierson e Richard Leong em Nova York)

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