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Preço da gasolina despenca na refinaria, mas resiste na bomba

Em dois meses, valor médio do combustível nas refinarias caiu 31%; para o consumidor, a redução foi de 1,75%

Por Douglas Gavras
Atualização:

O preço da gasolina comum despencou nas refinarias, mas só tropeçou nas bombas. Desde setembro, o combustível na usina caiu 31% (sem impostos) e atingiu o nível mais baixo desde julho. No posto, porém, a gasolina ficou só 1,75% mais barata em todo o País, no mesmo período.

A gasolina não era negociada abaixo de R$ 2 desde 22 de agosto. Foto: Paulo Liebert/Estadão

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Na última semana, a Petrobrás divulgou que a gasolina nas refinarias estava em R$ 1,5556 – contra R$ 2,2514 na segunda quinzena de setembro. No mesmo período, dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que o preço médio da gasolina na bomba foi de R$ 4,696 a R$ 4,614. 

Em setembro, os preços foram afetados pela alta do petróleo no exterior e a desvalorização do real ante o dólar, e o combustível atingiu um pico de preço. Em alguns postos de São Paulo, a gasolina chegou a custar acima de R$ 5 o litro.

Agora, as sucessivas quedas dos preços dos combustíveis pela Petrobrás refletem o recuo no preço internacional do petróleo. O preço da gasolina no exterior, caiu 15,3% nos últimos 30 dias, lembra a consultoria Rosenberg e Associados.

A queda mais lenta nos preços pagos pelo consumidor é explicada pelos altos impostos que incidem sobre o combustível, diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Gouveia. “Quase metade do preço na bomba é imposto. O preço de refinaria, que a Petrobrás divulga, acaba sendo distorcido pelo que incide sobre o combustível.” 

O setor também argumenta que na época em que a gasolina subiu na refinaria, ele também não repassou essa alta para o consumidor e absorveu parte do aumento. No entanto, o aumento que deixou de ser repassado ao consumidor na época foi menor do que a diferença entre o preço de refinaria e o de bomba agora. De julho a setembro, a gasolina subiu 14% na refinaria e 4% no posto, uma diferença de dez pontos porcentuais. Agora, essa diferença é de quase 30. 

Na zona norte da capital paulista, o gerente de um posto de combustíveis ajusta os preços no letreiro. Ele conta que o preços só têm caído, mas o consumidor deve perceber a redução maior aos poucos, conforme o combustível comprado no preço antigo for sendo substituído por novas entregas, mais baratas.

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O empresário Fabio Caldeira abastece seu carro em um postode SP 

O empresário Fábio Caldeira, de 38 anos, comemora a queda nos preços. “Gasto R$ 2 mil por mês com combustível e qualquer desconto faz diferença.” Ele diz acreditar que o preço já poderia estar abaixo de R$ 4 na maioria dos postos de São Paulo. “Havia muita incerteza antes da eleição. Acho que pode cair mais agora.”

Para o economista Fábio Silveira, da MacroSector, as empresas são o lado mais forte da briga e acabam segurando os preços, para aumentar a margem de lucro. “Por mais que o preço antes de chegar na bomba não se compare ao preço final, por todos os custos de tributos e de transporte, a diferença de valor está muito alta.”

Ele avalia que a queda nos preços para o consumidor, por ainda ter sido muito tímida, não deve ter impacto na inflação agora. “Caso não haja nenhuma grande alteração de cenário nos próximos quatro meses, os preços nos postos devem começar a cair mais e, assim, ter impacto na inflação do ano que vem”, completa. 

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