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Preço da gasolina está defasado em 19%, diz estudo

Por Agencia Estado
Atualização:

A recente disparada do petróleo devido ao risco de guerra dos Estados Unidos contra o Iraque aumentou a defasagem entre os preços dos combustíveis no País e as cotações do mercado internacional. Em comparação com os valores cobrados no Golfo Americano, padrão de referência para a Petrobras, a gasolina já está defasada em 19% e o diesel, em 21%, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). Segundo cálculos do CBIE, o litro da gasolina está cotado a US$ 0,2718 no Golfo Americano, enquanto o preço de venda pelas refinarias da Petrobras é US$ 0,2279. No caso do diesel, a cotação norte-americana chega a US$ 0,2798, contra US$ 0,2464 cobrados pela estatal brasileira. Como a Petrobras importa parte do volume de diesel que vende, deve-se acrescentar à cotação do golfo o custo com o frete, o que dá um preço final de importação de US$ 0,2998. Como paga mais caro pelo diesel que importa, a Petrobras assume um prejuízo de cerca de US$ 1,63 milhão por dia, levando em consideração que a empresa vai buscar no mercado externo cerca de 30% do consumo nacional. O último reajuste promovido pela empresa foi no dia 29 de dezembro do ano passado. Na última sexta-feira, a ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, disse que os preços dos combustíveis não serão alterados enquanto perdurar, no mercado, o risco de guerra. A política de preços a ser adotada pelo novo governo é uma das principais preocupações do mercado financeiro com relação à Petrobras. Segundo relatório enviado na semana passada pelo Unibanco aos clientes, o controle da oscilação dos preços ao consumidor se tornou uma prioridade. ?Em uma situação limite - a disparada dos preços do petróleo por conta de uma guerra, por exemplo - não é impossível que a decisão do governo seja privilegiar a estabilidade dos preços finais em detrimento à remuneração nas refinarias?, diz o documento. Segundo analistas, o controle dos preços ? que ocorreu na gestão Fernando Henrique Cardoso ? representa uma ingerência do governo em detrimento dos acionistas minoritários da companhia. Nessa linha, o adiamento da licitação para a construção das plataformas P-51 e P-52, anunciado terça-feira, também repercutiu mal no mercado financeiro. ?A decisão dá a impressão de que a estratégia da empresa será submetida à estratégia industrial do governo?, disse um analista. O anúncio do adiamento da licitação será investigado pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM), que verificará se houve vazamento de informação. A notícia foi dada à imprensa pelo secretário de energia, indústria naval e petróleo do Rio, Wagner Victer, algumas horas antes de a Petrobras divulgar a decisão. As ações da empresa na bolsa começaram a cair no início da tarde, enquanto a divulgação foi feita.

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