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Preço da gasolina recua e o do álcool hidratado ainda resiste

Por Agencia Estado
Atualização:

No primeiro dia em que entrou em vigor o aumento da mistura de álcool anidro na gasolina, postos do Rio de Janeiro já registram queda nos preços, repassada pelas principais distribuidoras, Shell, Ipiranga e Esso, principalmente. A BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, ainda não repassou a redução para seus preços. O presidente do Sindicato dos Postos de Revenda de Combustíveis no Rio (Sindicomb), José Luiz da Mota, disse que a queda repassada pelas distribuidoras ficou entre R$ 0,03 e R$ 0,05 no preço do litro da gasolina. Segundo ele, parte desta queda, pelo menos R$ 0,02, se explica pelo aumento da proporção de álcool na mistura, de 20% para 25%. Outra parte se justifica pela queda no preço do álcool anidro pago ao produtor desde o início da safra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia e Agricultura (Cepea), da USP de Piracicaba, o preço do litro do álcool anidro já caiu em pelo menos 28% desde a última semana de abril. Técnicos do setor sucroalcooleiro estimam que ainda haveria espaço para uma nova queda de pelo menos mais R$ 0,03 no preço do litro da gasolina por conta dos novos valores do litro do álcool no pico da safra. Preço do álcool hidratado resiste O mesmo não acontece com o preço do álcool hidratado (aquele que é colocado diretamente no tanque do veículo). Segundo o Cepea, o álcool hidratado já registrou queda de 28% desde fevereiro. O seu preço na bomba, entretanto, caiu apenas 6,2% no mesmo período. Segundo o diretor do Sindicomb, as distribuidoras não estão repassando a queda porque estão com estoques elevados, pelos quais pagaram ainda na época de lata de preços. O porta-voz do Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, afirma que é impossível as "distribuidoras sérias" reduzirem mais seu preço, apesar da entrada da safra. Ele alega que as empresas já estão atuando no vermelho para enfrentar a concorrência das "sonegadoras". "As empresas representadas pelo Sindicom possuem apenas 35% do mercado de álcool no País. Ou seja, o preço é ditado pelas outras, que, na maioria dos casos, não paga corretamente todos os impostos", explicou. Segundo o Sindicom, pelo menos 1,5 bilhão de litros de álcool hidratado, do total de 5,5 bilhões produzidos pelas usinas de cana-de-açúcar chegam ao mercado sem qualquer tributação. "É uma concorrência desleal", diz Vaz. Mota concorda. Segundo ele, "as distribuidoras "sérias" que pagam impostos não conseguem desovar seus estoques por estarem competindo diretamente com pequenas distribuidoras que sonegam ou mesmo com as próprias usinas e atravessadores que vendem o álcool diretamente nos postos, sem qualquer tributação". Segundo ele, enquanto um litro de álcool hidratado está saindo de uma das grandes distribuidoras (Shell, Ipiranga, Esso e BR) por R$ 1,48, outras pequenas comercializam o mesmo produto por R$ 1,02 o litro. Pelo Cepea, o produtor está vendendo o álcool hidratado por R$ 0,629. Com o acréscimo de ICMS e Pis/Cofins, o valor chegaria a R$ 0,81. Na bomba de combustível, o litro de álcool está saindo por R$ 1,471 segundo a pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgada na última sexta-feira.

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