PUBLICIDADE

Publicidade

Preço de energia no atacado tem pico pós-racionamento

Por Alaor Barbosa
Atualização:

Os preços de referência de energia elétrica no mercado atacadista deram novos saltos para os negócios a serem concluídos essa semana, atingindo o maior patamar desde o final do racionamento em 2002. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o megawatts/hora (MWh) médio subiu para R$ 205,54 nos quatro sub-mercados, com elevação de 19,44% na semana. Em meados de outubro do ano passado, os preços de referência estavam em R$ 82,18 em três sub-mercados (Sudeste/Sul e Norte) e em R$ 48,13 na região Nordeste. Os preços atuais significam aumentos de 150,11% nos três sub-mercados e 327,05% no Nordeste. O forte aumento nos preços este ano reflete a falta de chuvas nos últimos três meses, conforme acompanhamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Na primeira quinzena deste mês, por exemplo, as chuvas no Sudeste/Centro-Oeste ficaram 45% abaixo da média histórica dos últimos 70 anos. Esse mesmo fenômeno está sendo observado no Nordeste e Norte (36% abaixo da média) e também na região Sul (55% abaixo da média). A expectativa dos técnicos do setor é que as chuvas comecem ainda em outubro, o que pode contribuir para a queda dos preços no mercado atacadista. "A bolha de ar quente que estava na Amazônia e impedindo as chuvas está se dissipando. As chuvas devem voltar antes do final do mês", espera um técnico do setor. Ele admite, porém, que as chuvas deste ano estão atrasadas. A falta de chuvas não inspira cuidados no curto prazo, já que os reservatórios das grandes hidrelétricas estão cheios, mas servem como alerta quanto a possíveis problemas a partir de 2009. "O sistema de preços no mercado de referência serve como alerta. O que os dados estão indicando é que, se nada for feito e os próximos dois períodos de chuvas forem fracos, podemos ter problemas de abastecimento de energia elétrica a partir do terceiro ano", explicou a fonte. Os preços atuais no mercado atacadista estão muito acima dos observados no mercado regulado (cativo), que estão abaixo de R$ 90 por MWh, e até dos preços dos leilões de energia nova organizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No leilão previsto para esta quarta-feira (dia 16), por exemplo, a EPE prevê que os preços do MWh devem ficar pouco acima de R$ 120 nas novas hidrelétricas e até R$ 140 nas usinas térmicas. Esses novos contratos são válidos para os empreendimentos a serem concluídos em cinco anos (2012). Embora o governo continue sustentando que o quadro não inspira preocupações, o ONS encaminhará propostas de alteração na administração das hidrelétricas, visando poupar mais água nos reservatórios. A proposta do ONS é elevar o piso para uma faixa entre 40% e 50% da capacidade de armazenamento, garantindo o suprimento de água para quatro ou cinco meses.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.