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Preço de roupas sobe menos que inflação da FGV

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Por Márcia De Chiara
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Na semana do principal evento de moda do País, a São Paulo Fashion Week, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que os preços dos artigos de vestuário deixaram, há muito tempo, de ser um foco de preocupação para inflação. Entre 2001 e 2007, o Índice de Inflação da Moda calculado pela instituição acumulou alta de 35,15%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 57,04% no período. Só no ano passado, o Índice da Moda aumentou 2,31% e o IPC da FGV teve alta de 4,6% no mesmo período. Os preços das roupas femininas, masculinas e os tecidos e aviamentos caíram 0,74%, 0,23% e 0,70%, respectivamente em 2007. ?Os gastos com artigos de vestuário não pressionaram a inflação nos últimos sete anos. E não há sinais de que isso mude?, afirma o economista da FGV responsável pelos indicadores, André Braz. Ele argumenta que o movimento é mundial e semelhante ao de outras regiões do planeta. Nos Estados Unidos, por exemplo, o IPC subiu 20,72% entre janeiro de 2001 e dezembro de 2007, enquanto os preços dos artigos de vestuário recuaram 7,46%. Nos países da Europa que têm o euro em circulação, a inflação ao consumidor subiu 17,02% entre 2001 e 2007 e as roupas tiveram alta de 8,37%. No Brasil, Braz destaca que vários fatores contribuíram para o recuo dos preços dos artigos de vestuário. Entre eles, o economista aponta o aumento das importações, especialmente de países asiáticos, que afetaram os preços dos produtos. Em 2001, por exemplo, as importações brasileiras de roupas somavam US$ 141 milhões, com 18 mil toneladas de produtos vindos do exterior. No ano passado, atingiram US$ 486 milhões, com a compra de 40 mil toneladas. O economista ressalta também que a forte concorrência entre as grandes lojas especializadas em artigos de vestuário e a facilidade do crédito oferecida para a compra desses produtos provocaram achatamento dos preços das roupas. Já em relação a artigos de higiene pessoal e maquiagem, acessórios e aos serviços relacionados à moda e beleza, que fazem parte da inflação da moda, o comportamento dos preços não foi semelhante ao dos artigos de vestuário. A pesquisa da FGV mostra que, entre 2001 e 2007, os preços dos artigos de higiene e maquiagem subiram 54,51% e os acessórios, 48,97%, bem acima da inflação da moda no mesmo período, que foi de 35,15%. Só no ano passado, enquanto o índice da moda acumulou alta de 2,31%, os artigos de higiene ficaram 2,84% mais caros. O economista destaca que os serviços relacionados à moda e beleza, como cabeleireiros, costureiras, também superaram o indicador geral em sete anos e em 2007. Na análise de Braz, o motivo para esse descolamento é a demanda interna aquecida por esses serviços, sustentada pelos ganhos de renda e o aumento do emprego.

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