O preço dos produtos siderúrgicos já subiu entre 5% e 10% no mercado externo em 2002, como reflexo do anúncio de medidas restritivas à importação de aço pelos Estados Unidos e por parte da União Européia. A presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Maria Sílvia Bastos Marques, acredita que os preços podem subir ainda mais este ano com o fim das atividades de algumas empresas, que não conseguirão sobreviver à onda de protecionismo no setor. "Esse processo deve acelerar o fechamento de capacidade de algumas empresas", avaliou. Para o mercado interno, o diretor comercial da CSN, Vasco Dias, não espera novos aumentos, após a alta de 9% dos produtos siderúrgicos em janeiro passado. Nesse cenário, o aumento de tarifa de importação do aço é a única maneira de proteger o mercado brasileiro da desorganização do setor provocada pela adoção de medidas protecionistas pelos Estados Unidos. Segundo Maria Silvia Bastos Marques, que também preside o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). "Qualquer outra medida será paliativa e não impedirá o dano", disse, ao ressaltar que o Brasil não deve ter vergonha de defender uma indústria competitiva. Ela revelou que já existe evidências de uma entrada maior de aço da Ucrânia e da Argentina. "Todos os países estão se protegendo. Se não pode entrar nos Estados Unidos, na Europa, em algum lugar esse aço vai desabar", alertou. A executiva lembrou que o setor vem trabalhando para mostrar ao governo que não se pode colocar em risco toda a reestruturação feita na siderurgia nacional nos últimos 10 anos. "Não defendemos uma tarifa preventiva. Em uma hora como esta, o pragmatismo tem que falar mais alto. Pedimos ao governo para ser pragmático", afirmou. Maria Sílvia, não acredita que a empresa seja afetada pelas restrições impostas pela União Européia (UE) às importações de produtos siderúrgicos. Segundo ela, a intenção da UE não é prejudicar o comércio com o "exportador tradicional", como a CSN. A empresa vende cerca de 100 mil toneladas de folhas-de-flandres para a Europa, volume que pode ser mantido e inserido na cota estabelecida pela UE. Segundo ela, as medidas que devem ser adotadas pela região não visam sobretaxar os parceiros de longo prazo, mas evitar que a concorrência desleal aconteça. Maria Sílvia lembrou que essa é a postura que o setor espera que o governo brasileiro também adote. Entretanto, a executiva fez questão de frisar que uma análise mais detalhada só poderá ser feita na próxima semana, quando forem anunciadas oficialmente as medidas adotadas.