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Preço do álcool cai na usina, mas não muda nos postos

Por GUSTAVO PORTO E TATIANA FREITAS
Atualização:

O preço do álcool hidratado caiu 13,82% em maio nas usinas paulistas, mas o consumidor ainda não sentiu no bolso o recuo, que coincide com o início da safra de cana-de-açúcar 2008/2009 no Centro-Sul do Brasil. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), o litro do combustível utilizado nos veículos a álcool o nos flex fuel recuou de R$ 0,7659 para R$ 0,6600, em média, nas três primeiras semanas deste mês. Nas regiões de Ribeirão Preto e Campinas, por exemplo, poucos postos reduziram os preços durante a semana passada e ainda não havia previsão para um novo recuo até o início da tarde de hoje, de acordo com os sindicatos locais. Em Ribeirão Preto, a maioria dos estabelecimentos cobra R$ 1,40 pelo litro do hidratado desde o início do mês, ou seja, há uma diferença de 112% entre a média dos preços nas usinas e o preço nos postos na cidade paulista. "As distribuidoras não repassaram essa queda nos preços do álcool, por isso não levamos o recuo ao consumidor", disse o presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), Oswaldo Manaia. Ainda segundo Manaia, durante a semana passada, alguns postos de Ribeirão Preto chegaram a baixar os preços do hidratado, que hoje é negociado a um valor mínimo de R$ 1,30 o litro, principalmente nos de bandeira branca, ou seja, os não ligados às grandes distribuidoras. Já em Campinas, de acordo com o Sindicato dos Proprietários de Postos de Combustíveis da região (Recap), poucos postos reduziram em R$ 0,04 o preço do álcool hidratado, hoje negociado entre R$ 1,26 e R$ 1,30 o litro. O diretor da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) Antonio de Padua Rodrigues afirmou esperar que a queda nos preços do álcool nas usinas de São Paulo seja repassada ao consumidor e ainda puxe os preços de unidades produtoras de outros Estados do Centro-Sul. "São Paulo, como maior produtor do País, baliza os preços do mercado. Mas vamos ver agora qual a velocidade da queda", afirmou. Ainda segundo o executivo, a única explicação para a queda do preço do álcool nas usinas em um cenário de pouca oferta e alto consumo é a necessidade de algumas unidades produtoras de fazer caixa para cumprir compromissos no início da safra. "Hoje o produtor de álcool vende o álcool para pagar os custos da colheita", concluiu. Já o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não fará mais comentários sobre preço do álcool. Segundo o Sindicom, o argumento é que a formação de preços no mercado de distribuição depende da estratégia de cada empresa e de suas margens de lucro e, por essa razão, seria impossível passar uma posição unificada do setor. A assessoria de imprensa da Shell informou que a companhia não comenta preço porque "o mercado é livre" e as companhias BR, Ipiranga e Esso ainda não se manifestaram.

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