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Preço do álcool sobe no Brasil e inviabiliza exportações

Por INAÊ RIVERAS
Atualização:

Os preços do álcool combustível aumentaram de 8 a 12 por cento esta semana no mercado brasileiro e devem subir ainda mais, inviabilizando novos contratos de exportação, disseram corretores nesta sexta-feira. Atrasos causados por chuvas na principal região produtora de cana do Brasil nas últimas semanas contribuíram para a alta nas cotações, que estavam praticamente sem alteração desde o fim de maio. O fato de algumas usinas já terem concluído a moagem da safra 2007/08 também colabora para o aumento, afirmaram. "Os preços do álcool no mercado doméstico estão bem mais altos... e a janela de exportação está cada vez menor", disse Marcelo Andrade, diretor da corretora Ecoflex. "O mercado de exportação continua demandado, mas agora o pessoal está segurando (os estoques), conforme nos aproximamos da entressafra", acrescentou. O nível das ofertas de compra subiu um pouco recentemente, mas os valores estão abaixo dos preços internos, segundo corretores. Compradores europeus oferecem pelo álcool anidro 460-470 dólares por metro cúbico (mil litros) FOB Santos, ante 435-440 dólares cerca de duas semanas atrás. Mas as ofertas teriam de estar próximas a 500 dólares para equivalerem ao mercado doméstico, onde o anidro é vendido por 820-830 reais e o hidratado bateu nesta sexta-feira 900 reais por metro cúbico, na usina com impostos. Alguns corretores notaram uma falta de produto no mercado dentro das especificações exigidas pelos europeus, que são mais restritivas que o padrão brasileiro para o anidro. Também a valorização do real frente ao dólar, que alcança 1,4 por cento nas duas últimas semanas, não estimula as vendas externas. "Mesmo sem considerar essa questão das especificações, duvido que tivesse algum novo negócio para exportação. Os compradores não mostram intenção de elevar suas ofertas", afirmou um operador de uma trading internacional. CONSUMO DEVE ESFRIAR Uma alta nos preços do álcool estava sendo amplamente esperada pelo mercado com a aproximação do fim da safra e o consumo nacional atingindo níveis recordes. Impulsionada pelos preços reduzidos, a demanda no país foi estimada em outubro em 1,45 bilhão de litros, volume jamais atingido num mês, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Operadores agora acreditam que o preço mais alto esfrie o consumo. Isso é visto como importante inclusive para garantir um abastecimento normalizado do combustível até o fim da entressafra, em março de 2008. As exportações de álcool do Brasil têm sido menores este ano. A demanda no principal mercado externo do país, os Estados Unidos, está fraca pelo derivado de cana diante da ampla oferta local a baixos preços. Traders haviam observado um aumento nas vendas de álcool do Brasil para a Europa em setembro, gerado pelo encarecimento dos grãos que servem como matéria-prima para fabricação de etanol no bloco. As exportações do centro-sul este ano são estimadas pela Unica em torno de 3 bilhões de litros, ante cerca de 3,2 bilhões em 2006. Até 31 de outubro, 15 usinas na região já haviam concluído a moagem da safra, das 330 plantas existentes.

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