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Preço do Banco de Brasília, novo alvo do BB, deve sair em 2 semanas

Analistas estimam o valor de mercado da instituição, que tem R$ 5 bilhões em ativos, em R$ 600 milhões

Por Sergio Gobetti
Atualização:

O governo do Distrito Federal pretende pegar carona no acordo do Banco do Brasil com a Nossa Caixa e acelerar as negociações em torno da venda do BRB, o Banco de Brasília. O resultado da auditoria que definirá o preço de mercado do banco, segundo apurou o Estado, deve ser divulgado em duas semanas, e o negócio pode ser fechado ainda em 2009, se depender da vontade do governador José Roberto Arruda (DEM). Bem menor do que a Nossa Caixa, o BRB possui ativos de R$ 5 bilhões e apresentou um lucro líquido de R$ 70,1 milhões no primeiro semestre, quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado e igual ao resultado obtido pelo banco paulista no terceiro trimestre. Ou seja, proporcionalmente ao seu ativo, o lucro do BRB é maior do que o da Nossa Caixa. O valor de mercado, o Banco de Brasília está sendo avaliado pela consultoria Ernest Young e considera não apenas os ativos patrimoniais, mas também outros "bens", como a folha de pagamento do funcionalismo do Distrito Federal - um dos mais bem pagos do Brasil. Informalmente, analistas estimam o preço de mercado do banco em R$ 600 milhões. "O BRB é um dos bancos pelo qual anunciamos o interesse mais tarde - e ainda estamos na fase de precificação", disse ontem uma fonte do BB. A esperança da cúpula do BB é que o passo dado pelo governador paulista, José Serra (PSDB), seja seguido não só por Arruda mas também por outros governadores que ainda resistem à idéia de se desfazer de seus bancos estaduais. Entre os poucos bancos estaduais que ainda sobrevivem, o mais visado é o Banrisul, do Rio Grande do Sul, mas nesse caso há enormes obstáculos políticos para serem superados antes de qualquer negociação econômica. No passado, o governador Antônio Britto (ex-PMDB) chegou a planejar a venda do Banrisul, quando a instituição estava com sérios problemas financeiros. A ascensão do PT ao poder estadual, em 1999, abortou o processo de privatização - por causa disso, o governo assumiu até mesmo um custo adicional de dívida com a União porque, sem o dinheiro da privatização, não teve como quitar uma parcela extra prevista no acordo de renegociação dessa dívida. Hoje saneado, o Banrisul já foi chamado de "a jóia da coroa do Rio Grande do Sul" pela governadora Yeda Crusius. Nem tucanos nem petistas gaúchos, envolvidos em eternas disputas políticas, arriscam defender a venda do banco. Mas em outros Estados, em que esse debate ideológico inexiste, é cada vez maior a tendência de eliminar os bancos estaduais. Além da Nossa Caixa, o BB já adquiriu o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e o Banco do Estado do Piauí (BEP)e tem interesse também nos bancos dos Estados de Sergipe e Espírito Santo. Do ponto de vista econômico, há várias razões para se criar bancos estaduais, a começar pela sua maior relação com a atividade econômica regional: a avaliação de riscos, por exemplo, pode ser mais bem feita por uma instituição com raízes regionais do que por escritórios sediados em São Paulo ou Brasília. Mas a história das administrações desses bancos no Brasil, com desvios e déficits causados por uso político, sepultaram sua vocação positiva, pelo menos na maioria dos casos.

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