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Preço do petróleo cai ao nível mais baixo desde fevereiro

A queda forte da cotação foi provocada pela percepção dos investidores de que a Opep não fará uma redução significativa em sua produção

Por Agencia Estado
Atualização:

O preço do petróleo despencou nesta terça-feira e chegou ao nível mais baixo desde fevereiro. Os contratos de petróleo negociados em Nova York fecharam em US$ 58,68 - uma queda de US$ 2,35 em relação ao preço de ontem; a mínima foi em US$ 58,49 e a máxima em US$ 61,15. A queda forte da cotação foi provocada pela percepção dos investidores de que a Organização dos Países exportadores de Petróleo (Opep) não fará uma redução significativa em sua produção. Mantida a oferta, portanto, os preços não teriam motivos para subir. O mercado, contudo, ignorou os comunicados de que alguns países da Organização, especialmente Nigéria e Venezuela, estão reduzindo sua produção para conter a queda dos preços. Exemplo disso é que, na última sexta-feira, a Venezuela informou que poderia reduzir sua produção de petróleo em 50 mil barris/dia. No sábado, a Nigéria ressaltou que poderia diminuir as exportações em 5%, o que significaria 170 mil barris diários. O que se pode perceber é que os investidores esperam uma posição da Arábia Saudita, o maior exportador mundial e o mais influente integrante do cartel. Segundo analistas, seriam necessárias declarações fortes dos sauditas para que o mercado passasse a se preocupar com a oferta. Fatores naturais e Estados Unidos Outro fator para a queda dos preços do petróleo é a previsão de que não deverão acontecer furacões fortes no Atlântico nesta temporada, que vai até novembro, o que implica menos riscos para a região produtora do Golfo do México. "A atividade de ciclones tropicais na bacia do Atlântico na temporada de 2006 será consideravelmente menor do que se previa anteriormente, em grande parte por causa das inesperadas condições de El Niño que se desenvolveram no fim deste verão", diz um informe do respeitado Departamento de Ciência Atmosférica da Universidade Estadual do Colorado (disponível em http://hurricane.atmos.colostate.edu/forecasts/). A queda no preço do petróleo também está relacionada em boa parte com a elevação dos estoques de derivados nos EUA. Analistas acreditam que os suprimentos norte-americanos de gasolina subiram 1,2 milhão de barris no período de sete dias encerrado na última sexta-feira. Os dados oficiais serão divulgados pelo Departamento de Energia nesta quarta-feira às 11h30. Impacto nas Bolsa de Nova York A queda no preço do petróleo animou os investidores em Nova York. As ações subiram com força, pois o entendimento do investidor é que o custo das empresas fica menor com o preço do petróleo em queda. Os preços da economia também tendem a cair, o que incentiva o consumo e beneficia o lucro das empresas. O índice Dow Jones - que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em patamar recorde de pontos: 11.727 (alta de 0,49%). O patamar mais alto foi verificado em 14 de janeiro de 2000, quando a Bolsa registrou 11.722 pontos. A Nasdaq - bolsa que negocia ações do setor de tecnologia e Internet - fechou em baixa de 0,27%. Ações da Petrobras As ações da Petrobras no Brasil reagiram em queda diante da queda do preço do petróleo. Por volta das 17h, as preferenciais (PN, sem direito a voto) estavam em baixa de 4,22%. As ordinárias (ON, com direito a voto) despencavam 4,71%. Investidores avaliam que a queda nas ações deve ser interrompida tão logo o barril de petróleo tenha seu preço estabilizado no mercado internacional. E isso, no consenso dos analistas, deve ocorrer se a Opep revir sua produção, ou ainda com o início do inverno nos Estados Unidos, que tradicionalmente impulsiona um maior consumo interno no país.

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