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Preço do petróleo deve continuar elevado, apesar da crise

Por JOÃO CAMINOTO
Atualização:

Apesar da ameaça de recessão nos Estados Unidos, e a inevitável desaceleração do crescimento econômico mundial, os preços do petróleo vão continuar elevados e voláteis, podendo até subir ainda mais, pressionados pela crescente demanda em países emergentes como a China e a Índia nos próximos anos. Essa foi a principal conclusão da "Cúpula de Energia", evento paralelo ao Fórum Econômico Mundial, que reuniu autoridades, executivos de grandes empresas petrolíferas e analistas do setor energético. "O consenso é que os preços do petróleo não vão cair", disse o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. "O que ninguém sabe é se eles podem subir mais, e quanto". O economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, ressaltou que os preços do petróleo voltaram a subir para acima dos US$ 90 por barril hoje apesar das incertezas em torno da economia norte-americana e do recente estresse que assolou os mercados financeiros. "Esse é um sinal importante, pois mostra que mesmo com o risco de recessão, os preços continuam subindo de volta com facilidade", disse Birol. "Estamos diante de uma nova ordem energética mundial, na qual a China e a Índia vão determinar a demanda de energia e as empresas petrolíferas estatais estão se tornando dominantes no lado da oferta". A única opinião discordante sobre a tendência dos preços foi do economista Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard. Ele prevê que uma recessão nos Estados Unidos terá um impacto relevante no consumo de commodities em todo o mundo. "O preço do barril do petróleo deve cair para cerca de US$ 75 com a queda no consumo", disse. "E se o dólar não estivesse tão fraco e a inflação tão elevada a queda seria ainda maior, para um pouco abaixo dos US$ 70". Rogoff alertou, no entanto, que a "volatilidade nos preços vai continuar durante muitos anos". Opep A possibilidade da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) elevar sua produção para aliviar o aperto entre a demanda e a oferta mundial foi, mais uma vez, descartada por um dos representantes do cartel presente no evento, o vice-primeiro-ministro do Catar, Abdulla Bin Hamad Al Attiyah. "Nós vamos produzir a quantidade de petróleo que sabemos que as pessoas vão consumir e não disponibilizar mais do que o necessário", afirmou. Al Attiyah atribui os preços elevados à especulação nos mercados financeiros. Mas Birol, da AIE, discordou e aproveitou para alfinetar a Opep. "Os preços estão elevados porque o consumo está crescendo e a oferta é limitada", disse o economista. "A especulação apenas amplifica essa tendência". A necessidade de pesados investimentos no setor, principalmente em energias alternativas e renováveis, também foi um tema de destaque no encontro. "Se não encontrarmos uma estrutura certa, que leve em conta o balanço entre o aumento da demanda e a necessidade de energia limpa, teremos sérios problemas no futuro próximo" alertou Birol.

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