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Preço mínimo da Cesp pode subir, diz vice-governador

Por Daniela Milanese
Atualização:

O preço mínimo da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) pode ficar acima do estabelecido pelas avaliações realizadas pelos bancos Fator e Citibank, contratados pelo governo paulista no início de novembro. As instituições chegaram a valores próximos a R$ 45,00 por ação, ou R$ 14 bilhões pela companhia. Mas o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, afirmou à Agência Estado que o preço definitivo ainda não está fechado. "Não há valor definido ainda, essa é uma primeira avaliação", disse. "Agora, nós vamos fazer a nossa avaliação, levando em conta vários dados que não são esses que estão colocados hoje em cima da mesa." Segundo ele, a definição do valor da Cesp será "o último passo do processo". "Vamos analisar tudo aquilo que existe e também nossa concepção do valor da empresa", afirmou. "(O preço final) dificilmente ficará abaixo desse e possivelmente ficará acima." Conforme o vice-governador, o Fator e o Citibank concluíram que a Cesp teria um valor maior se vendida em bloco único, via leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), e não fatiada, como chegou a ser cogitado. Segundo Goldman, o leilão deve ocorrer no final do primeiro trimestre de 2008. Ele avalia que hoje existe elevada disposição de investidores pelos ativos. "Há um grande número de empresas de energia atuando no mundo todo, inclusive no Brasil, e existem também muitos investidores institucionais com interesse em aquisições." Além da privatização da Cesp, o setor de energia terá outro grande negócio no próximo ano: a venda da fatia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na Brasiliana, holding que abriga empresas como a Eletropaulo e a AES Tietê. Também haverá a venda da concessão da usina de Jirau, que, juntamente com a Santo Antônio, leiloada recentemente, forma o complexo hidrelétrico do Rio Madeira. Para Goldman, esses outros negócios não devem afetar a procura pela Cesp. "Há sobras de dinheiro rodando pelo mundo com apetite." A terceira maior empresas de geração de energia do País, com potência instalada de 7,5 mil megawatts (MW), distribuída em seis hidrelétricas, passou por um processo de capitalização, já que o elevado endividamento acompanhou a companhia por vários anos. O vice-governador não soube informar o valor atual da dívida da geradora. Desestatização Goldman nega que a venda da Cesp signifique a retomada dos processos de privatização do Estado de São Paulo. Segundo ele, a empresa de energia já estava na lista do Programa de Desestatização (PED) há anos, desde as duas tentativas frustradas de venda da companhia, em 2000 e 2001. "Nós temos parcerias (com empresas privadas) nas estradas e no Metrô, mas a operação da Cesp não representa uma retomada das privatizações", disse. O governo paulista está fazendo uma avaliação de todos os seus ativos, o que inclui 18 empresas. Conforme Goldman, o objetivo do governo é "saber o que tem em mãos e, a partir daí, pode-se chegar à qualquer conclusão". "Não há nenhum preconceito para fazer ou não (a privatização), mas a Cesp era a única da lista." O vice-governador afirma que o governo já tem a percepção de que algumas empresas não serão vendidas, como a Sabesp, Nossa Caixa e o Instituto de Pesquisas Tecnologias (IPT). "Não existe qualquer estudo para privatizar essas companhias, nenhuma proposta foi encaminhada ao PED." A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está investigando se houve vazamento de informação antes do anúncio da decisão de venda da Cesp. Na sexta-feira, as ações PNB da empresa fecharam o pregão com ganho de 8,65%, a segunda maior alta entre os papéis do Ibovespa, cotadas a R$ 36,94. Para Goldman, a possibilidade de privatização da Cesp "não era nenhum segredo". Mas ele avalia que a CVM deve fazer o seu papel e averiguar se ocorreu algum vazamento.

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