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Preços administrados contribuíram com quase metade do IPCA

Por Agencia Estado
Atualização:

As tarifas públicas e os preços administrados e monitorados pelo governo contribuíram com quase a metade do resultado do IPCA de abril, que foi de 0,97%, a menor taxa desde setembro de 2002, quando o indicador atingiu 0,72%. Segundo a economista do IBGE Eulina Nunes, as elevações em abril de energia elétrica (3,28%), gás de cozinha (4,13%), ônibus urbano (1,96%), ônibus intermunicipal (0,92%), remédios (2,73%), taxas de água e esgoto (2,53%) e tarifas aéreas (3,17%) contribuíram com 0,48 ponto porcentual da taxa de 0,97% do IPCA de abril. Estes resultados fizeram com que os produtos não alimentícios apresentassem alta de 0,96% em abril, uma variação ainda expressiva, embora menor do que a registrada em março (1,10%). "Os preços administrados, como a energia elétrica, apresentam variação alta, trazendo do passado para o presente a inflação que já foi bastante contagiada pelo dólar", disse a analista, lembrando que os reajustes em energia são baseados em contratos assinados no passado, e por isso, fortemente influenciados pelas cotações anteriores da moeda norte-americana. Alimentos fazem IPCA se desacelerar Conforme reiterou a economista Eulina Nunes, a desaceleração do IPCA, de março para abril, se deveu à menor variação de preços dos alimentos, que tiveram alta de 1,01%, ante elevação de 1,66% em março. "O nível do preço dos alimentos em abril ainda é elevado. Mas o nível de variação de crescimento reduziu de um mês para o outro", disse a economista. Ela citou como exemplo o tomate, que devido a problemas climáticos chegou a aumentar 57,35% em março, e agora teve elevação de 17,58% em abril. De março para abril, também ocorreu recuo nos preços de hortaliças (de alta de 1,84% para queda de 3,27%) e frutas (alta de 3,07%, para queda de 3,10%); na mesma comparação, foram registradas variações menores de preços em produtos como frango (de 2,02% para 0,57%) e café (2,89% para 1,49%). São Paulo contribuiu A pequena taxa de inflação em São Paulo contribuiu para a desaceleração na variação do IPCA de abril, que foi de 0,97%, ante março (1,23%). Entre os índices regionais de inflação, que abrange nova regiões metropolitanas do País e os municípios de Goiânia e Brasília, São Paulo apresentou a menor taxa de inflação em abril, de 0,58%. Segundo a economista Eulina Nunes, a região tem peso de 37% na formação do IPCA. "Houve uma contribuição muito grande de São Paulo para baixar a taxa do mês. A maioria dos itens em São Paulo apresentou variação menor em abril ante março", disse a economista. Em contrapartida, a maior inflação regional foi registrada no Recife, com alta de 2,03% em abril. Os reajustes nas tarifas de água e esgoto, energia elétrica, ônibus urbano e no preço do gás de cozinha conduziram a este resultado, de acordo com Eulina. Dólar e combustíveis A economista Eulina Nunes informou que "a menor influência do dólar sobre os produtos em geral, aliada à redução no preço de gasolina, pode gerar um cenário favorável" para o IPCA de maio. A analista fez o comentário ao ser questionada sobre quais seriam as principais influências para o índice de inflação de maio. Ela considerou que a influência da valorização do real perante o dólar pôde ser sentida já em alguns itens no IPCA de abril. É o caso de artigos de limpeza (que passaram de 3,80% em março para 2,71% em abril) e de higiene pessoal (que passou de 2,20% para 1,40%). Eulina explicou que estes segmentos têm grande uso de insumos importados, e que a valorização do real ante o dólar tem contribuído para redução de custos nestas áreas. "Esta tendência de menor influência do dólar em alguns itens pode continuar", disse ela, explicando que isso conduziria à desaceleração na variação de outros itens. Sobre as pressões que poderiam elevar o próximo índice de maio, Eulina informou que o IPCA fechado pode ter influência ainda de resíduos de reajustes já anunciados, como energia elétrica (nas cidades de Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador); e de ônibus urbano (nas cidades de Belo Horizonte e Recife).

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