PUBLICIDADE

Publicidade

Preços baixos nos EUA são ameaça agora, e não inflação, diz Yellen

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A persistente baixa inflação representa uma ameaça mais imediata à economia dos Estados Unidos do que o aumento dos preços, afirmou nesta quarta-feira a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, enfatizando que o banco central norte-americano manterá sua política de estímulos por algum tempo. Em seu segundo discurso desde que passou a comandar o BC dos EUA, Yellen tomou cuidado para não prever quando a taxa de juros subirá do atual nível próximo de zero. Ao invés disso, ela enfatizou que a decisão dependerá da melhoria no mercado de trabalho e quão rápida a inflação subirá em direção à meta de 2 por cento. Os comentários relativamente moderados para o Clube Econômico de Nova York se intensificaram após o professor de Harvard e ex-conselheiro do ex-presidente dos EUA Ronald Regan, Martin Feldstein, questioná-la se ela permitirá que a inflação vá acima de 2 por cento para permitir mais amparo à economia. "Com a inflação rodando a cerca de 1 por cento, neste momento eu acho que o risco maior que nós deveríamos estar preocupados é com a inflação ficando abaixo da nossa meta e para levar a inflação de volta até 2 por cento", afirmou. O Fed "com certeza" vai precisar, em algum momento, apertar a política para evitar uma aceleração da inflação, disse Yellen. "Ultrapassar a meta pode se tornar muito custoso para reverter", disse. Yellen indicou que o Fed não é o único a buscar elevar a inflação para evitar o fenônemo da deflação que é prejudicial à economia. O Banco Central Europeu está analisando políticas não convencionais que poderiam aumentar a inflação na zona do euro, enquanto o Japão tem se debatido contra a deflação há 15 anos. O Fed tem mantido a taxa de juros perto de zero desde 2008 e já comprou mais de 3 trilhões de dólares em ativos para ajudar a reduzir os custos de empréstimos e estimular o crescimento diante de uma frustrante recuperação da atividade. UM CAMINHO VAGO PARA WALL ST Uma aceleração na maior economia do mundo, após uma desaceleração no inverno, tem feito muitos investidores tentar prever quando o Fed vai finalmente elevar as taxas de juros. A maioria aposta que isso ocorrerá em meados de 2015. Yellen disse ser "bastante plausível" que a economia passe a operar perto do pleno emprego e com a inflação em um nível mais saudável até o fim de 2016. "Estamos vendo um progresso bastante significativo, apesar de claramente... o objetivo não ter sido atingido neste momento", disse Yellen. Nos últimos anos, o Fed tem tentado diversas estratégias para telegrafar por quanto tempo vai esperar até apertar a política. Mas no mês passado o Fed apresentou uma nova versão para suas diretrizes, prometendo efetivamente não elevar os juros "no horizonte relevante", após o fim do programa de compra de ativos. E Yellen plantou mais confusão ao dizer, em entrevista, que "horizonte relevante" significa cerca de "seis meses", causando um movimento de vendas de ações e de títulos públicos. Yellen não mencionou o período de "seis meses" no discurso desta quarta-feira. Por quanto tempo as taxas de juros vão se manter perto de zero dependerá de quão distante a economia dos EUA permanecerá das metas de emprego e inflação do Fed, e de quanto tempo irá demorar para atingi-las, disse Yellen. Ela repetiu ser provável que há mais folga no mercado de trabalho do que sugere a taxa de desemprego, o que diminui o risco de os ganhos salariais se tornarem inflacionários à medida que a economia se fortalece. Mas ela também enfatizou que eventos imprevisíveis podem ocorrer no atual caminho do banco central, como já aconteceu repetidas vezes no processo de recuperação da recessão de 2007 a 2009. Segundo Yellen, o Fed poderia até deixar de lado seus esforços para reduzir o programa de compra de ativos. O mercado financeiro acredita que o BC norte-americano quase certamente encerrará o programa de compra de ativos, atualmente em 55 bilhões de dólares por mês, até o fim deste ano. (Reportagem de Jonathan Spicer)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.