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Preços do petróleo devem continuar em queda, diz CGES

Segundo o Centro para Estudos de Energia Global, os preços continuarão declinando a menos que Opep corte produção

Por Agencia Estado
Atualização:

O Centro para Estudos de Energia Global (CGES na sigla em inglês) disse nesta segunda-feira que os preços do petróleo devem continuar em queda a menos que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) corte sua produção, o que não provável pelo menos no curto prazo. "Vai depender principalmente da Arábia Saudita, que teria que arcar com uma redução de até 1 milhão de barris diários em sua produção", disse a entidade, em seu relatório mensal. Segundo o CGES, com o recente alívio das tensões geopolíticas, tanto no Oriente Médio e Nigéria como em torno do programa nuclear iraniano, os fundamentos do setores estão novamente determinando os rumos dos mercados. O preço do barril Brent perdeu cerca de US$ 19 desde seu pico altista há cerca de seus semanas. "Numa visão mais ampliada, o mercado de petróleo estava destinado a viver uma correção de preços significativa num momento ou outro", disse. O CGES observou que o excesso de oferta global da commodity de 500 mil barris diários em 2005 foi acrescido de outros 600 mil barris diários no primeiro semestre deste ano. Com isso, os estoques mundiais cresceram o equivalente a quatro dias de consumo entre o início do ano passado e julho deste ano. Para que ocorra um novo repique nos preços do petróleo seria necessário um fator externo aos fundamentos do mercado, como por exemplo um inverno muito rigoroso nos Estados Unidos e Europa, problemas de produção nos países não membros da Opep ou o retorno da tensão em torno do Irã. "Como as coisas estão hoje, novas quedas nos preços são prováveis a menos que a Opep, de alguma maneira, consiga reduzir sua produção", disse. Mas para que isso aconteça, observou a entidade, o cartel precisa ter uma idéia clara do preço que pretende defender: US$ 60, US$ 50 ou nível abaixo disso. "Em segundo lugar, a Opep precisa sentir um senso se urgência", afirmou. "Entretanto, o fator mais importante será verificar se alguns membros da Opep estarão dispostos a dividir o ônus dos cortes, senão a Arábia Saudita terá que fazer isso sozinha." Segundo o centro de estudos britânico, para que o preço do barril Brent fique em torno dos US$ 60 até o março do próximo ano, a produção da Opep precisa ser reduzida para 29,4 milhões de barris no último trimestre de 2006 e para 29 milhões de barris no primeiro trimestre de 2007. "Isso será uma tarefa difícil se a Arábia Saudita tiver que arcar com o grosso da redução", disse. "Os sauditas sem dúvida terão que buscar apoio, mas é incerto se ele será obtido." O CGES afirma que a Venezuela, Irã, Iraque, Nigéria e Indonésia deverão "se fazer de surdos" enquanto a Argélia e Líbia provavelmente prometerão cortes, mas que não serão concretizados. "Forçar os outros a empreenderem cortes poderá levar a um colapso dos preços, e por isso os sauditas provavelmente vão continuar deixando sua produção declinar lentamente até que a pressão se torne forte demais", disse.

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