PUBLICIDADE

Preços do petróleo e do minério de ferro despencam e balança tem déficit no 1º tri

Déficit comercial no período foi de US$ 5,5 bi; exportação recorde de petróleo e minério de ferro não compensou queda dos preços

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Anne Warth e Eduardo Rodrigues
Atualização:

A queda dos preços de petróleo e de minério de ferro foi tão grande que nem mesmo o volume recorde de exportação desses produtos salvou a balança comercial brasileira. Apesar do superávit de US$ 458 milhões em março, a conta de comércio exterior do País atingiu no primeiro trimestre do ano umdéficitde US$ 5,557 bilhões, o segundo pior resultado para o período nos últimos 35 anos.

PUBLICIDADE

O Brasil nunca exportou tanto minério de ferro e petróleo como nos três primeiros meses do ano. Foram 79,3 milhões de toneladas de minério de ferro, alta de 10,5% em relação ao mesmo período de 2014, e 8,5 milhões de toneladas de petróleo, aumento de 87,8%.

Porém, houve queda nos preços de 49,8% no petróleo e de 50,7% no minério de ferro. O resultado foi uma redução nos valores exportados de petróleo e de minério de ferro, respectivamente de 5,8% e de 45,5%.

Segundo o diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Herlon Brandão, essa tendência vai continuar a influenciar a balança comercial ao longo da primeira metade do ano.

"Foram quedas fortes nos preços desses produtos. Também houve uma queda no preço do milho, que já estava baixo", afirmou Brandão. "Pelo menos no primeiro semestre, a queda nos preços vai afetar bastante o resultado da balança comercial."

A queda dos preços das commodities também já prejudica a soja. O preço do grão caiu 21,2% nos três primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2014. A quantidade de soja exportada deve aumentar nas próximas semanas.

O País exportou 840 mil toneladas de soja na última semana de março, que teve apenas dois dias úteis. No mês, foram 5,6 milhões de toneladas exportadas, menos que os 6,2 milhões de março de 2014. No acumulado do ano, são 6,5 milhões de toneladas, ante 9 milhões de toneladas no primeiro trimestre do ano passado.

Publicidade

"No ano passado, tivemos uma concentração de exportações de soja em fevereiro, com 2,8 milhões de toneladas. Em fevereiro deste ano, foram apenas 870 mil toneladas. Portanto, esperamos um forte volume de exportações nos próximos meses", afirmou.

Diferença entre exportações e importações fizeram o mês de março ser o primeirosuperávitdeste ano. Foto: Reuters

Março. No mês passado, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 458 milhões, resultado de exportações de US$ 16,979 bilhões e importações de US$ 16,521 bilhões. Foi o primeiro superávit mensal deste ano.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o resultado era previsível, devido ao aumento das exportações de soja e açúcar, aliada ao maior número de dias úteis.

Na avaliação dele, o efeito da desvalorização do real sobre manufaturados só deverá ser sentido a partir do final do segundo trimestre. "Aquele câmbio que todos estão dizendo que vai resolver o problema das exportações poderá até resolver, mas não resolveu até agora", afirmou.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Segundo o diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, o superávit de março só foi possível devido ao recuo de quase US$ 1 bilhão nas importações em relação ao mesmo mês de 2014. "O que ajudou a balança comercial foi o desempenho menos nobre do ponto de vista do crescimento, com queda na importação espelhada na estagnação e a possível recessão que devemos ter no primeiro trimestre", disse Silveira.

Apesar do déficit comercial de US$ 5,557 bilhões no acumulado do primeiro trimestre, o governo continua com a expectativa de superávit para o ano. No entanto, não há uma estimativa do Ministério para o tamanho desse saldo positivo esperado para 2015. "A tendência é de haver superávit comerciais nos próximos meses. O comportamento esperado é de queda nas duas pontas, com redução maior das importações", projetou. Brandão não fez comentários sobre o impacto do câmbio e da retração da economia nas importações. (colaboraram Gustavo Porto e Igor Gadelha)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.