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Preços dos alimentos devem continuar a subir no País, diz CNA

Segundo Confederação, apenas uma pequena parte do reajuste dos produtos já foi repassado aos consumidores

Por Fabiola Salvador e da Agência Estado
Atualização:

Os preços dos alimentos deverão continuar em alta no mercado interno, alertou nesta terça-feira, 17, o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta. Estimativa feita pela entidade mostra que os preços pagos aos produtores rurais tiveram aumento de 15,74%, em reais no acumulado do primeiro trimestre do ano. Em igual período, os índices de inflação dos alimentos subiram cerca de 2%, de acordo com Cotta. "Muito pouco foi repassado para o consumidor final", afirmou.   Veja também: Entenda a crise dos alimentos  Entenda os principais índices de inflação    Além disso, afirmou Cotta, o produtor vai gastar mais para cultivar a safra 2008/09, a partir de meados de setembro, variação que também será repassada ao consumidor. Uma previsão feita pela CNA indica elevação de 13% nos custos de produção da soja no município de Sorriso, no Mato Grosso, importante Estado produtor de grãos. Para cultivar cada lavoura, os produtores da região vão gastar R$ 1.412,73 por hectare, contra desembolso de R$ 1.250,40 por hectare no ano passado. Se houver problemas fitossanitários, como a ferrugem asiática na soja, o custo será ainda maior.   "A população vai sentir os impactos (desse cenário)", afirmou. "O produtor não consegue mais produzir pelos custos antigos." Ele lembrou que, devido ao ritmo de produção do País - a safra principal é colhida nos primeiros meses do ano - os preços dos alimentos recuam no primeiro semestre e sobem no segundo.   Para ele, a colheita das lavouras de arroz e feijão pode representar pequenos recuos de preços desses produtos, o que não acontecerá com a carne bovina. "Nos últimos anos, os custos subiram e os preços de venda caíram, o que provocou o abate de matrizes. Nesse caso, é impossível ter uma recuperação no curto prazo", disse.   PIB   Apesar da preocupação com a inflação, os dados do setor continuam vigorosos. Impulsionado pelo crescimento da produção de grãos, café e proteínas animais, pela alta do preço dos insumos agrícolas e pela elevação dos preços dos alimentos, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve crescer pelo menos 10% este ano na comparação com o resultado de R$ 582,6 bilhões obtido em 2007, quando o crescimento foi de 7,88% em relação a 2006. No primeiro trimestre de 2008, o PIB cresceu 2,81%, variação superior à registrada em igual período do ano passado, de 0,74%. A previsão feita pela foi divulgada nesta terça, em Brasília.   Outro dado divulgado pela CNA mostra que o Valor Bruto da Produção (VBP) para 25 produtos agropecuários confirma tendência de crescimento em 2008 em decorrência da safra recorde de grãos e da elevação dos preços no mercado interno e externo. De acordo com CNA, o VBP, que é o faturamento obtido com a venda desses produtos, será de R$ 277 bilhões em 2008, em comparação com R$ 217,5 bilhões em 2007, o que representa aumento de 27,4%.   Cotta lembrou que nem toda essa "riqueza" chega ao bolso do produtor rural. Isso porque, explicou ele, o bom resultado do PIB foi influenciado principalmente pela alta dos preços dos insumos agrícolas, principalmente fertilizantes, item que representa 30% do custo de produção da atividade agrícola. No primeiro trimestre, os preços dos insumos subiram 5,65%, variação que é de 75% no acumulado dos últimos 12 meses.

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