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Preços dos metais podem cair até 45% até 2010

A avaliação consta de um dos capítulos, sobre commodities não-combustíveis, do estudo Perspectiva Econômica Mundial, realizado pelo FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que os preços dos metais deverão cair nos próximos anos. Por isso, os países cujas exportações dependem muito dessas commodities devem aproveitar o atual momento de preços elevados para economizar os ganhos extras ou investi-los em outros setores de suas economias. Além disso, devem evitar aumentar os gastos públicos não reversíveis, como os salários do funcionalismo, por exemplo. Essa avaliação consta de um dos capítulos, sobre commodities não-combustíveis, do estudo Perspectiva Econômica Mundial, cuja íntegra será divulgada na próxima semana pelo Fundo em sua reunião anual em Cingapura. "Os mercados futuros de commodities sugerem que os atuais preços elevados não poderão ser sustentados no médio prazo", disse o FMI. Ele prevê que nos próximos cinco anos, os preços futuros dos metais reterão apenas cerca da metade do aumento acumulado desde 2002. Em termos reais, isso significa uma queda de 45% dos níveis de preços atuais. Esse declínio contrasta com os preços futuros do petróleo, que permanecem muito próximos de seus preços para entrega imediata. O Fundo explicou que há diferenças dentro do grupo de metais. O preço anual médio do alumínio deve cair, em relação a seu nível atual, em até 35% até 2010. No caso do cobre, a queda poderá ser de até 57%. "A maior parte do aumento nos índices de preços de commodities não combustíveis foi gerada pelos metais", disse o FMI. Essa alta nos preços foi amplificada pelo rápido crescimento das economias emergentes, particularmente na China. Os investidores "podem ter tido um papel em prover liquidez aos mercados", mas segundo o Fundo há poucos sinais concretos que o investimento especulativo foi um fator importante nos movimentos dos preços das commodities não combustíveis nos últimos anos. "No médio prazo, entretanto, os preços dos metais devem se retrair das recentes altas com a entrada de nova capacidade de produção, embora provavelmente não recuando aos seus níveis anteriores - por causa, em parte, pelo fato dos custos energéticos mais elevados terem encarecido os custos de produção." Mas o Fundo observou que "o momento e a velocidade da reversão nos preços é incerta, pois com a atual elevada taxa de utilização de capacidade de produção e estoques baixos, os mercados estão muito sensíveis até mesmo a pequenas mudanças na oferta e demanda." Cautela O FMI ressaltou que essa avaliação gera uma série de implicações para os países exportadores. "Autoridades em países exportadores vão precisar garantir que o atual ganho extra seja, em sua maior parte, economizado - como é o caso do Chile - ou usado de uma maneira que suporte um futuro crescimento em setores não ligados às commodities, como por exemplo através do investimento em educação, saúde e infra-estrutura.", disse. Transparência fiscal deveria ajudar a garantir que o máximo seja feito da arrecadação extra." Entretanto, alertou, os governos devem estar preparados para um declínio dos preços no futuro e "precisam garantirem que os gastos não aumentem acima dos níveis sustentáveis em áreas difíceis de serem revertidas, como a do setor de salários do funcionalismo público". Produtos agrícolas O FMI observou que os preços dos produtos agrícolas subiram muito menos do que os dos metais e suas perspectivas nos próximos anos serão determinadas pelos ganhos de produtividade, que devem continuar devido aos avanços tecnológicos. "Para os exportadores de commodities agrícolas, a principal questão continua sendo como gerenciar a volatilidade nos preços ano a ano", disse o Fundo. "Em geral, governos tanto dos países importadores e exportadores deveriam se posicionar diante da volatilidade nos preços das commodities - incluindo os preços dos metais - com uma atitude de gerenciamento de risco´ e incorporar informações de mercado sobre preços e volatilidade em seu planejamento e processo fiscal." Além disso, os países exportadores de produtos agrícolas "deveriam continuar diversificando suas economias para ajudar a reduzir suas vulnerabilidades aos choques nos preços das commodities". Mas, para um pequeno grupo de commodities agrícolas, as pressões sobre os preços causadas pelo custos energéticos mais elevados poderão ser maiores. "Essas são as commodities que têm uma exposição particularmente ampla ao mercado petrolífero - como o açúcar (através a produção de etanol para carros flex-fuel no Brasil), borracha natural e possivelmente o milho (usado para carros flex-fuel nos Estados Unidos)." O FMI observou que os preços agrícolas poderão também serem afetados no futuro por mudanças no sistema de subsídios ao setor nos países desenvolvidos. "Subsídios à produção e tarifas de importação nos países avançados têm servido sistematicamente para reduzir os preços mundiais para os produtos agrícolas". De acordo com o documento, uma conclusão com êxito de um acordo multilateral para reduzir esse apoio deveria aumentar os preços de algumas commodities chaves. Mas embora essas mudanças teriam um impacto relevante nos ganhos dos países mais pobres, o FMI afirma que a volatilidade causada por fatores ligados ao clima continuaria tendo um impacto maior sobre os preços.

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