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Preços em baixa atraem brasileiros para os EUA

Dólar fraco e metro quadrado a US$ 4 mil estimulam compra de imóveis fora do País

Por Jennifer Gonzales
Atualização:

Miami, tradicional destino de turistas brasileiros, atrai cada vez mais cidadãos tupiniquins na compra de imóveis, o que está contribuindo para a recuperação do mercado local.

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Os preços em baixa das propriedades nos Estados Unidos, provocados pela crise econômica, vêm estimulando um movimento de aquisições por estrangeiros em solo americano. Levantamento feito pela Dow Jones mostra que houve queda de 5% no valor dos imóveis em abril.

Pesquisa da empresa de pesquisa imobiliária Zillow colocado em seu site mostra que os preços caíram 8,2% em março último em relação ao mesmo mês de 2010. Ao mesmo tempo, os preços estão 40,6% inferiores a 2006, quando a bolha imobiliária chegou a seu ponto máximo.

Em Miami, com ajuda do real forte, o movimento de compra é liderado por brasileiros, mas também fazem parte dele venezuelanos, russos e chineses, entre outros. Em menor escala, Nova York também tem ganhado novos proprietários brasileiros nos últimos meses.

Diante do fluxo, imobiliárias de Miami se reestruturam e algumas já trabalham exclusivamente com a clientela brasileira. "Se um americano me ligar procurando um imóvel, não terei como atendê-lo. Toda a minha estrutura está concentrada nos brasileiros", diz Christiane Brooks, dona da Chris Brooks Realty.

A brasiliense de 42 anos - residente em Miami há 13 -, possui equipe de oito corretores, todos brasileiros, além de um serviço de concierge para os clientes.

A empresa fez um acordo com a imobiliária Elite Brasil, sediada em São Paulo, que encaminha eventuais clientes à parceira americana. Quando um negócio é fechado, dividem a comissão. "Nossas vendas triplicaram no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010", diz Christiane.

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Segundo ela, os brasileiros representam o maior grupo estrangeiro comprador em Miami. "Eles são executivos de multinacionais, políticos e até donos de incorporadoras", afirma. "A maioria está pagando à vista, o que não aconteceu em outro período forte de vendas, na década de 1990, quando havia a paridade do real com o dólar."

Na Piquet Realty, os clientes brasileiros também são responsáveis pela maior parte dos negócios. "Os estrangeiros correspondem a 85% das vendas e, desse total, 60% são brasileiros, seguidos por venezuelanos, russos e chineses", diz o diretor comercial, Marco Fonseca. "Diferentemente dos chineses, que compram para investir, os clientes do Brasil frequentam Miami como turistas", diz. "Mas os imóveis vão voltar a valorizar."

Apesar de a maior parte dos brasileiros pagar à vista, a volta da oferta de crédito a estrangeiros no final do ano passado é um estímulo adicional. "Os juros são de 5,5% ao ano por um período de cinco anos", diz Fonseca. O preço médio dos imóveis adquiridos por brasileiros na Piquet é US$ 700 mil.

Segundo Fonseca, o metro quadrado dos imóveis em áreas nobres de Miami vale US$ 4 mil, em média. Um imóvel de 160 m² na Trump Tower, em Sunny Isles Beach, por exemplo, custa entre US$ 550 mil e US$ 650 mil.

Conhecidos

"De cada dez unidades vendidas nesse condomínio, seis são para brasileiros", diz Fonseca. Já no Jade Ocean, uma unidade de 200 m² com três suítes vale US$ 1,5 milhão. "Muitos brasileiros estão comprando. Eles preferem ficar onde há outros brasileiros para se sentir em casa. Gostam também de ficar próximos ao Shopping Aventura Mall."

Celso Pinto, CEO da filial paulistana da Sotheby’s International Realty, observa a mesma tendência. "Muitas pessoas já chegam ao nosso escritório de São Paulo dizendo: ‘Meu amigo tem um apartamento no edifício x em Miami e eu também quero ter", diz.

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"O tempo médio para um cliente fechar negócio em Miami é de, no máximo, um mês", afirma. "A decisão é rápida, porque eles sabem o que querem e onde desejam comprar."

Se Miami é o lugar preferido dos brasileiros, Nova York vem em segundo lugar, embora o número de clientes seja menor, diz Pinto. Ele não revela números, mas diz que uma média de sete clientes brasileiros vão a Nova York por mês para ver imóveis. "Um ano e meio atrás, eram dois, no máximo."

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