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Prejuízo de aéreas soma R$ 13 bi desde 2011

Dados da Anac mostram que empresas nacionais perderam R$ 3,7 bi só em 2015

Por Marina Gazzoni e Victor Aguiar
Atualização:

As empresas aéreas brasileiras perderam R$ 1,65 bilhão em 2014, no quarto ano consecutivo de prejuízos registrado pelo setor. Os dados constam no Anuário do Transporte Aéreo, divulgados no último dia 31 pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As informações financeiras das quatro maiores empresas aéreas brasileiras apontam que os balanços de 2015 deverão fechar com perdas ainda maiores – juntas, TAM, Gol, Azul e Avianca tiveram prejuízo líquido de cerca de R$ 3,7 bilhões entre janeiro e setembro de 2015. Desde 2011, as perdas acumuladas pelas companhias aéreas somam cerca de R$ 13 bilhões.

Das sete empresas que informaram seus dados econômicos para a Anac em 2014 –TAM, Gol, Azul, Avianca, Passaredo e as cargueiras Total e TAM Cargo (antiga ABSA)– apenas a Azul e as duas cargueiras encerram 2014 com lucro. Os maiores prejuízos foram registrados por Gol e TAM, que perderam, respectivamente, R$ 1,09 bilhão e R$ 674 milhões em 2014, segundo dados da Anac.

Empresas cortam voos na tentativa de viabilizar reajuste de preços no futuro Foto: JF Diorio / Estadão

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A agência divulgou dados preliminares do balanço dos nove primeiros meses de 2015 apenas das quatro maiores empresas aéreas. Juntas, essas empresas perderam R$ 3,7 bilhões, mais do que o triplo do prejuízo acumulado por elas no mesmo período de 2014 e número que supera o prejuízo recorde registrado pelo setor inteiro em todo o ano fiscal de 2012, de R$ 3,63 bilhões.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, alerta que o cenário se mantém desfavorável para a aviação nacional em 2016. A recessão faz a demanda por passagens aéreas esfriar, e, ao mesmo tempo, o setor sofre um choque de custos. Despesas como querosene de aviação, leasing de aeronaves e manutenção da frota são cotadas em dólar, moeda que se valorizou quase 50% em relação ao real em 2015.

“As empresas vão fazer os ajustes necessários para sobreviver. O movimento natural, que já está em curso, é uma diminuição de capacidade. A consequência disso é que menos pessoas vão voar de avião”, afirmou Sanovicz.

A Gol estima uma queda de 4% a 6% no volume de decolagens de voos nacionais no primeiro semestre de 2016 ante o mesmo período de 2015. A TAM, por sua vez, afirma que deve cortar entre 6% e 9% na oferta doméstica ao longo de 2016, enquanto a Azul trabalha com uma perspectiva de redução de 4% a 5% na oferta doméstica em 2016.

Em 2015, a retração já afetou o nível de emprego no setor. De acordo com dados da Abear, as quatro maiores empresas reduziram em cerca de 3,5% o seu número de empregados, para cerca de 58 mil.

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Preços. Os prejuízos das empresas são registrados em um momento de queda no preço das passagens aéreas no País. Em 2014, o preço médio da passagem aérea caiu 4,5% (já descontada a inflação), para R$ 332. A queda nos preços em 2014 reverte um movimento de alta dos preços iniciado em 2012, após três anos consecutivos de redução nas tarifas.

Contornar esse quadro de demanda em baixa e custos em alta é “praticamente impossível” no curto prazo, segundo o coordenador técnico da Lafis Consultoria, Felipe Souza. Para ele, uma das poucas medidas que as empresas podem tomar para minimizar as perdas são os cortes na oferta de assentos “a fim de se readequarem à nova relação entre oferta e demanda, na busca por maior rentabilidade”.

Segundo Souza, além do corte na oferta, elas podem recuperar as perdas por meio de um reajuste nos preços das passagens. “Em alguma medida, as operadoras precisam repassar aos consumidores o impacto da desvalorização cambial, ainda mais em um cenário onde a margem operacional das aéreas está em um patamar em que não é mais possível absorver novos aumentos de custos.” De acordo com fontes do setor, o ajuste de preços é o próximo passo após o corte de oferta.

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