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Prejuízo de R$ 1,98 bilhão derruba ações da Eletrobrás

Por Nicola Pamplona
Atualização:

O prejuízo de R$ 1,98 bilhão da Eletrobrás no primeiro semestre derrubou as ações da companhia na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e causou apreensão aos analistas. O resultado, divulgado no fim da noite de terça-feira, ficou aquém das estimativas do mercado, embora a empresa tenha reforçado ontem que o mau desempenho foi provocado por fatores não operacionais, como a variação cambial. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Eletrobrás caíram 3,30% no pregão de ontem, a maior baixa da Bovespa, que fechou o pregão do dia em alta de 0,73%. Já os papéis preferenciais (PN) da estatal caíram 2,20%. "Acreditamos em uma realização das ações no curto prazo", comentou, em relatório, o analista Rafael Quintanilha, da Brascan, lembrando o impasse sobre os dividendos da companhia, que ainda preocupa o mercado. "A questão dos dividendos dos acionistas ordinários fica cada vez mais distante de uma resolução em 2009, o que poderá agravar ainda mais a performance das ações", afirmou o analista. Em entrevista concedida ontem, o diretor financeiro da Eletrobrás, Astrogildo Quental, disse que a empresa trabalha para resolver o assunto "o mais rápido possível", mas não falou em prazo. Ele informou apenas que o tema está na pauta de uma reunião na segunda-feira, em Brasília. A Eletrobrás deve o pagamento de cerca de R$ 10 bilhões em dividendos para detentores de ações ON, incluindo a União, e propôs uma capitalização, pelo acionista majoritário, para ajudar a resolver o problema. Os recursos para realizar a operação, porém, não constam do Orçamento da União deste ano, o que pode inviabilizar a proposta da estatal. Quental reforçou que o desempenho da companhia foi afetado por questões não operacionais, como a deflação nos Estados Unidos e a valorização do real em relação ao dólar. Segundo o executivo, excluindo esses dois fatores, a companhia teria fechado o período com um resultado positivo de R$ 600 milhões. "Em termos operacionais,praticamente mantivemos o desempenho do primeiro semestre do ano passado", afirmou. De acordo com o diretor, somente a variação cambial provocou a perda financeira de R$ 1,5 bilhão, excluindo taxas e impostos, no resultado semestral da companhia. Já o impacto da deflação nos Estados Unidos reduziu os créditos referentes à dívida da Hidrelétrica de Itaipu em R$ 1 bilhão, para R$ 2,7 bilhões. Quental explicou que, desde 2007, a dívida é indexada a dois índices de preços americanos, que tiveram variação negativa no trimestre, em razão da crise econômica. A dívida também sofre com a variação cambial, já que está cotada em dólar.

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