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Prêmio Nobel faz duras críticas ao FMI sobre o caso da Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia, disse que o Fundo Monetário Internacional (FMI) está repetindo na Argentina os mesmo erros cometidos no Leste da Ásia, e que isso poderá exacerbar ainda mais a crise econômica do país. Em entrevista à agência Reuters em Hanoi (Vietnã), o ex-economista-chefe do Banco Mundial (Bird) afirmou que a Argentina precisa concentrar-se mais em expandir a sua produção em lugar de tentar convencer os mercados financeiros de que seu problemas estão resolvidos. O temor dos argentinos, disse Stiglitz, "não deveria ser a inflação, mas o resultado do alto nível de desemprego e dos problemas sociais". O economista classificou de "estratégia perigosa" os conselhos do FMI, que vem afirmando ser necessário a eliminação dos déficits para restabelecer a confiança dos investidores. "O uso contínuo de políticas de contração que exacerbam as crises econômicas demonstra que de nada serviram as lições do Leste da Ásia. O FMI está cometendo os mesmo erros na Argentina", acrescentou o economista. "A resposta (do FMI) a um país em recessão é que reduza os gastos ou incremente os impostos. Qualquer macroeconomista dirá que reduzir gastos ou aumentar impostos aprofunda a recessão", alertou Stiglitz. Indagado pela Reuters sobre qual caminho que a Argentina deveria seguir, o economista foi taxativo: "Acredito que o início da análise parte do reconhecimento de que nada que a Argentina venha a fazer a curto prazo, a curto prazo, conseguirá atrair a volta dos investidores, que se manterão, inevitavelmente na expectativa". Para o economista, as tentativas de recortar os gastos e arrecadar mais impostos conduzirão, provavelmente, a uma redução da receita proveniente dos impostos. "Na medida em que as pessoas enfrentem o empobrecimento incrementado e as empresas comecem a quebrar, será cada vez mais difícil arrecadar impostos e a situação fiscal , na realidade, vai piorara", afirmou. De acordo com Stiglitz, a Argentina não precisa tentar persuadir os mercados de capital de que seus problemas estão resolvidos, mas aumentar a sua produção. Stiglitz explicou que a Rússia conseguiu, com a desvalorização, restaurar o crescimento econômico e os fluxos de capital, apesar do ponto de vista do Fundo de que sua economia não vai se expandir. "A má administração macroeconômica do Fundo conduziu à subutilização de recursos e o crescimento só foi possível quando o país decidiu abandoar os planos do FMI", afirmou o economista. Embora a situação argentina seja diferente à da Rússia, que contava com grandes recursos de suas exportações de petróleo, a natureza do exemplo russo é que "não há necessidade de tentar se mostrar bem para os mercados internacionais", disse. "A Rússia não ficou preocupada com os mercados internacionais. Voltou depois de dois anos, e, nesse período, a desvalorização contribuiu para estimular a sua economia. Houve alguma inflação, mas não ficou fora de controle", acrescentou. Desde que a Argentina decretou moratória, o FMI decidiu suspender toda ajuda financeira e os técnicos do Fundo vêm exigindo que a Argentina faça drásticos e duros cortes nos gastos público. Leia o especial

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