PUBLICIDADE

Preocupado com 'efeito rebote', Planalto estuda rever política de preços da Petrobrás

Equipe de Michel Temer está preocupado se greve de caminhoneiros poderá prejudicar ainda mais a imagem do presidente

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e Tania Monteiro
Atualização:

O Palácio do Planalto quer desfazer a ideia de que vá interferir politicamente na Petrobras, após a saída do presidente da companhia Pedro Parente. Há, no entanto, estudos em andamento no governo para a revisão da política de preços de combustíveis e gás de cozinha. Na prática, a equipe de Michel Temer está preocupada com o "efeito rebote" das manifestações dos caminhoneiros, algo que poderia prejudicar ainda mais a já desgastada imagem do presidente, perto das eleições.

Michel Temer é o presidente do Brasil Foto: Cesar Itiberê/PR

PUBLICIDADE

Agora, o receio do Planalto é de que, após a normalização do abastecimento, haja novos protestos e cobranças, desta vez para a redução do preço da gasolina. O núcleo político do governo e a cúpula do MDB pressionam Temer por medidas de maior impacto para a crise, na esteira do acordo com os caminhoneiros. O cuidado, porém, é para que possíveis novos anúncios sejam embalados como propostas para reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis ao consumidor, sem interferência na Petrobras. É nessa linha, por exemplo, que tem se manifestado o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Nos últimos dias, Moreira disse que a tributação sobre os combustíveis "não é saudável" para os Estados e precisa ser discutida.

++ Após demissão de Pedro Parente, ações da Petrobrás caem

"Esperamos a mudança na política de preços (praticados pela Petrobras). Não podemos ter alterações diárias e sem qualquer previsibilidade", concordou o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).

Segundo informações obtidas pelo Estado, Pedro Parente percebeu esse movimento e decidiu entregar o cargo. Não tomou a decisão de última hora nem pegou Temer de surpresa. Sob pressão, ele avaliou que sua permanência, no atual cenário, seria contraditória com tudo o que sempre defendeu.

++ ADRIANA FERNANDES Blindagem da Petrobrás

O Estado apurou que Parente disse ter chegado ao seu limite. Confidenciou a pessoas próximas que, se ficasse à frente da Petrobras, teria de ceder mais uma vez, por saber que todo esse imbróglio não vai se encerrar com o corte no preço do óleo diesel. Para um aliado do ex-presidente da Petrobras, o governo começou a dar "corda para se enforcar" neste ano eleitoral.

Publicidade

A conversa de Parente com Temer, nesta quinta-feira, durou aproximadamente 20 minutos. O agora ex-presidente da Petrobras já tinha enviado sinais ao Planalto, durante a negociação para pôr fim à greve dos caminhoneiros, de que não faria mais concessões. A conta para diminuir R$ 0,46 no litro do óleo diesel vai custar R$ 13,5 bilhões neste ano para o governo. Deste total, R$ 9,5 bilhões são de subsídios para reduzir o valor do produto nas refinarias.

Dois anos depois de ter assumido uma empresa que virou alvo da Lava Jato, com seu último presidente, Aldemir Bendine, preso, Parente deixou o governo convencido de que suas decisões na Petrobras não foram uma "escolha caprichosa", como afirmou em vídeo postado na rede interna da estatal. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.