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Preocupante endividamento familiar

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Por Redação
Atualização:

As instituições financeiras brasileiras sofrem dupla concorrência: a dos empréstimos externos e a do lançamento de ações. Mas isso é verdade apenas para grandes empresas e exclui pessoas físicas. O fato se reflete nitidamente no balanço das operações de crédito em junho, que alcançaram 32,3% do PIB, ante 32,1% em maio, valor ainda muito abaixo da média mundial, e que se explica, evidentemente, pelo custo altíssimo do crédito no Brasil. As concessões no mês de junho caíram 1,7% para as pessoas jurídicas e 7,6% para as pessoas físicas, por causa, em parte, do menor número de dias úteis, mas isso também sinaliza o alto nível de endividamento das famílias que, agora, recorrem menos ao crédito. Vejam-se, por exemplo, os saldos das operações de crédito que, para a indústria, cresceram 2% no mês e 8,8% no semestre, enquanto para as pessoas físicas os aumentos foram de 2,2% e de 16%, respectivamente. Não há nada de estranho nessa evolução, no caso das pessoas jurídicas, que pagam uma taxa de juros média de 23,7% ao ano, que acusou uma redução de 0,6% no mês e de 2,5% no semestre, mas que é nitidamente superior ao retorno que se pode esperar das atividades da maioria das empresas. No caso das pessoas físicas, a taxa média de juros em geral ficou em 48,4% ao ano, com redução de 0,2% no mês e de 3,7% no semestre, o que está longe de refletir a redução da taxa Selic no período. O spread (diferença entre taxas de aplicação e de captação) ficou em 12,6% para as pessoas jurídicas, com redução de 0,9% no semestre, e em 37,7% para as pessoas físicas, com redução de 1,9%, mostrando como é insuficiente a competição entre as instituições financeiras. Ainda no caso das pessoas físicas, o crédito consignado, cuja taxa de juros é de 31,9% ao ano e teve uma redução de apenas 1,4% no semestre, o saldo das operações cresceu 2,8% no mês e 20,4% no semestre. Hoje, o crédito consignado representa 56,9% do total de crédito pessoal. A esse endividamento se acrescenta, agora, o das operações para aquisição de habitação (4,6% de aumento em junho) e de aquisição de veículos (com aumento de 1,6% no mês). Se, para as pessoas jurídicas, uma redução do custo do dinheiro pode permitir um aumento das atividades, para as famílias o que se verifica é um endividamento insuportável suscetível de afetar as vendas no varejo, cujo crescimento é tema da propaganda do governo.

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