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Presença da China na região não preocupa EUA

Por Cláudia Trevisan CORRESPONDENTE e PEQUIM
Atualização:

A crescente presença da China na América Latina não é fonte de preocupação para Washington nem ameaça os interesses dos Estados Unidos, afirmou ontem em Pequim o subsecretário de Estado americano responsável pela região, Arturo Valenzuela. Segundo ele, o comércio e os investimentos da China na América Latina têm potencial para aumentar muito mais e desempenhar papel importante no crescimento dos países da região. "A América Latina precisa crescer para superar problemas como desigualdade e grandes bolsões de pobreza e isso pode ser obtido com mais investimentos e mais comércio, além de reformas em cada país", declarou Valenzuela em entrevista coletiva na Embaixada dos Estados Unidos em Pequim. O subsecretário participa na China da quarta sessão anual de conversas entre os dois países sobre a América Latina, no âmbito do Diálogo Estratégico mantido por Pequim e Washington. Desde o início dos anos 2000, a China ampliou de maneira significativa seu comércio com a América Latina e desbancou os Estados Unidos do posto de maior parceiro de alguns países, entre os quais o Brasil. Pequim também fez acordos de livre comércio com Chile, Peru e Costa Rica e estreitou os laços com o venezuelano Hugo Chávez, um dos mais contundentes críticos dos Estados Unidos na região. No começo do ano, Pequim anunciou investimentos e linha de crédito de US$ 20 bilhões à Venezuela, o que deu fôlego ao regime de Chávez e garantiu mais uma fonte de suprimento de petróleo ao país asiático. Anteontem, o governo do Equador disse ter obtido financiamento de US$ 1 bilhão da China, para projetos de infraestrutura. Nos últimos meses, a China acelerou investimentos diretos na América Latina, para garantir matérias-primas essenciais ao crescimento, como minério de ferro e cobre. Se os pouco mais de US$ 11 bilhões anunciados desde o início do ano se confirmarem, o país asiático poderá liderar o ranking dos maiores investidores estrangeiros no Brasil em 2010. Mas esse movimento está apenas no começo, ressaltou Valenzuela, lembrando que o comércio da China com a América Latina corresponde a apenas 5% de suas exportações e importações totais, comparados a 40% dos Estados Unidos.

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