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Presidente da Petrobras pode renunciar nesta segunda; governo quer nova diretoria esta semana

Bolsonaro sugeriu, na última sexta, a criação de uma CPI para investigar diretores da companhia e o conselho de administração

Foto do author Eduardo Gayer
Por Eduardo Gayer e Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - A ofensiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a Petrobras ao propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) surtiu efeito sobre a cúpula da estatal, avaliam interlocutores do Palácio do Planalto. Nos bastidores do governo, já se espera a troca da diretoria da estatal ainda nesta semana, com a renúncia do presidente José Mauro Coelho. Fontes próximas à gestão da empresa dizem que Coelho pode renunciar ainda nesta segunda-feira, 20.

Na última sexta-feira (17), Bolsonaro reagiu ao anúncio de reajuste dos combustíveis da Petrobras e sugeriu a criação de uma CPI para investigar diretores da companhia e o conselho de administração. A medida tem apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e será avaliada ainda nesta segunda em reunião de líderes.

O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho; Jair Bolsonaro pediu a instalação de uma CPI para investigar diretores da estatal e o conselho de administração Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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A expectativa do Executivo é levar à Petrobras uma diretoria mais alinhada com os interesses do governo. O indicado para a presidência é Caio Paes de Andrade, secretário do ministério da Economia. Também comporia o grupo o secretário-executivo da Casa Civil, Jonathas Assunção Salvador Nery de Castro, braço-direito do ministro-chefe Ciro Nogueira, cacique do Centrão.

A saída de Coelho divide os conselheiros da empresa, com parte apoiando a sua resistência, para evitar que o governo troque a diretoria, e parte apoiando sua saída para evitar que a Petrobras perca ainda mais valor de mercado. Depois de ser fortemente atacado na semana passada por Bolsonaro e autoridades aliadas do governo, o presidente demissionário da Petrobras há quase um mês foi bombardeado em uma rede social no último sábado, com ameaças e insultos em relação à sua permanência no cargo. De "renuncia, verme vagabundo" a "renuncia verme e some do mapa", as reações negativas dividiram espaço com algumas manifestações de parabéns pelo dia do químico, motivo da publicação de Coelho da rede social.

O executivo, formado em engenharia, postou uma homenagem ao dia do químico em um momento que sofre grande pressão para renunciar. Mesmo antes do aumento do diesel e da gasolina, na semana passada, a alta cúpula do governo, representada pelos ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP) e de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, tentou em reuniões com o dirigente da Petrobras convencê-lo, sem sucesso, a renunciar e a não aumentar os combustíveis.

Após o aumento, Lira, por exemplo, culpou o presidente da empresa de praticar o que chamou de "terrorismo corporativo", e afirmou que a gestão do executivo, indicado pelo governo para o cargo em abril deste ano, era "ilegítima". O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), também pediu explicações sobre a política de preços praticada pela empresa. Já Bolsonaro defendeu a abertura de uma CPI para investigar a Petrobras, o que foi apoiado pela oposição.

Se Coelho permanecer no cargo, como o próprio afirmava até a semana passada, e obedecer o trâmite normal da sucessão, o governo terá que esperar a realização de uma assembleia para eleger Paes de Andrade para o Conselho de Administração da companhia, junto com outros membros que saíram com a demissão de Coelho, processo que pode levar até 60 dias. Já se o executivo renunciar, a entrada de Paes de Andrade seria abreviada.

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