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Presidente adota em público o estilo duro usado no gabinete

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Por Leonencio Nossa
Atualização:

Foi logo depois de tomar vacina contra a gripe, na manhã de segunda-feira, que a presidente Dilma Rousseff decidiu entrar para valer na guerra de expectativas e versões sobre o aumento da inflação. Naquela manhã, ela deu rápida entrevista em que afirmou que estava num "combate acirrado" ao aumento dos preços. A declaração repercutiu imediatamente em sites e blogs. Ontem, Dilma acirrou a guerra, escalando os principais ministros para mostrar, na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que o governo não está de braços cruzados. Ainda de manhã, o Planalto avisou que só permitiria o acesso da imprensa à parte inicial do encontro do "conselhão", no Salão Nobre. Dilma e os ministros Guido Mantega (Fazenda), Antonio Palocci (Casa Civil) e Alexandre Tombini (Banco Central) já estavam sentados à mesa quando a ministra Helena Chagas, da Comunicação Social, avisou a assessores que toda a reunião seria aberta, inclusive o discurso da presidente. O encontro contrastou com as solenidades no Planalto nos três primeiros meses da gestão Dilma. A presidente mandou fechar até mesmo eventos da "agenda positiva", como anúncio de investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Determinou ainda uma política de "cala boca" no Planalto, causando temor de auxiliares diretos e assessores bajuladores, que passaram a evitar qualquer contato com jornalistas. Até a semana passada, Dilma não escondia nos discursos e entrevistas que a inflação preocupa o governo, mas usava tom ameno e de cautela. Desde anteontem, passou a usar palavras fortes para mostrar empenho e dedicação ao tema. A presidente, que ontem disse que não iria atender ao "calor da paixão" de quem duvida da política econômica, se rendeu a setores do governo que pediam mudança de postura diante da inflação. Diante do maior desafio do início de seu mandato, ela usou em público um pouco do estilo duro que adota dentro do gabinete.

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