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Presidente da Petrobras nega mudança em política de preços dos combustíveis após fala de Bolsonaro

Joaquim Silva e Luna descartou ação da estatal para reduzir preços da gasolina e do gás de cozinha, como deseja o Planalto; mais cedo, presidente Bolsonaro falou em ‘melhorar ou diminuir’ o custo dos combustíveis

Por Fernanda Nunes
Atualização:

RIO - O presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, descartou nesta segunda-feira, 27, fazer mudanças na política de preços dos combustíveis e do gás de cozinha por causa da alta da inflação no País. A afirmação foi dada em coletiva de imprensa convocada em cima da hora para tratar dos preços dos combustíveis e gás liquefeito de petróleo (GLP). 

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"Continuamos trabalhando da mesma forma, acompanhando a paridade internacional e o câmbio, analisando permanentemente para ver se as oscilações são conjunturais. Fazemos nossos acompanhamentos de preços", disse o general, ressaltando que a empresa está sendo diretamente afetada por cenários externos, como a valorização do petróleo no mercado internacional. Essa é a primeira coletiva de imprensa da qual o general participa.

A declaração de Silva e Luna ocorreu após o presidente Jair Bolsonaro afirmar nesta segunda-feira que conversou com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre como "melhorar ou diminuir" o preço dos combustíveis. A declaração foi feita em evento da Caixa Econômica Federal que lançou uma nova linha de crédito para "comemorar" os mil dias de governo. 

"Hoje falei com o ministro Bento, conversando sobre a nossa Petrobras, o que nós podemos fazer para melhorar ou diminuir o preço na ponta da linha, onde está a responsabilidade", declarou Bolsonaro durante o evento.

'Continuamos trabalhando da mesma forma, acompanhando a paridade internacional e o câmbio', disse o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna Foto: André Dusek/Estadão

O general Joaquim Silva e Luna voltou a explicar que o custo dos combustíveis no País varia conforme os preços internacionais e a taxa de câmbio. Ele afirmou que não é possível prever se o preço do litro da gasolina vai permanecer acima dos R$ 7, como acontece em alguns mercados, atualmente. Isso porque os valores cobrados pela empresa seguem as variações do mercado internacional e do valor do dólar.

A Petrobras admite, inclusive, que os seus preços estão defasados em comparação com o mercado internacional. Por isso, a empresa avalia reajustar os valores dos seus derivados de petróleo. Silva e Luna não detalhou, no entanto, de quanto é a defasagem e a qual produto se referia. "O patamar elevado do brent (petróleo negociado na Europa) nos indica necessidade de fazer algum movimento (de preço)", disse o general. 

"A gente está olhando com carinho a possibilidade de reajuste de preço dos combustíveis. Pontualmente, os preços de alguns derivados estão defasados", acrescentou o diretor de Comercialização e Logística, Claudio Mastella.

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Durante a coletiva, Silva e Luna disse ainda que não cabe à Petrobras subsidiar o preço do GLP, o gás de cozinha, e que esse seria um "tema de governo", embora a empresa participe do debate sobre possíveis soluções para o problema. O botijão de 13 kg, largamente consumido pela população de baixa renda, chega a custar mais de R$ 100 em algumas cidades.

Segundo o presidente da estatal, a contribuição social e econômica da empresa vem de seus programas internos, da geração de emprego e da distribuição de royalties e dividendos. Ele argumentou ainda que a Petrobras é uma empresa de economia mista, ou seja, apesar do controle estatal, possui ações em bolsa. "Temos olhos acompanhando todas as nossas ações. Isso dá um conforto para o nosso trabalho e para a sociedade", disse.

Crise hídrica

Para ajudar o País a passar pela crise hídrica, a Petrobras está ampliando o fornecimento de gás natural, utilizado como insumo por usinas térmicas de geração de eletricidade, segundo o presidente da petrolífera, Joaquim Silva e Luna. 

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O general citou alguns exemplos de medidas tomadas para ampliar o fornecimento de gás. A maior parcela diz respeito ao aumento da importação do produto liquefeito (GNL) pelos terminais de regaseificação da Bahia e do Rio de Janeiro. Além disso, a companhia adequou a sua infraestrutura logística para ampliar a oferta da produção doméstica e ainda direcionou o gás que estava sendo consumido nas refinarias para a produção de energia térmica.

O diretor de Comercialização e Logística da empresa, Cláudio Mastella, afirmou que a oferta do insumo pela empresa triplicou durante a crise. O fornecimento do gás do campo de Mexilhão, parado para manutenção, está sendo retomado, segundo Mastella. "Estamos chegando na etapa final da manutenção", disse o diretor. / COLABORARAM EDUARDO GAYER E MARCELO MOTA

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