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Presidente da Vale diz que quer acelerar acordos para reparar tragédia

Fábio Schvartsman disse não haver motivos para temer a prisão de executivos da empresa devido ao desastre

Por Anne Warth e Teo Cury
Atualização:
Fábio Schvartsman, presidente da Vale. Foto: REUTERS/Pilar Olivares

O presidente da mineradora Vale , Fábio Schvartsman, disse nesta quinta-feira, 31, que a empresa pretende acelerar ao máximo o pagamento de indenizações às famílias das vítimas da tragédia em Brumadinho (MG). Segundo o executivo, a Vale vai abdicar de qualquer ação judicial sobre o caso e optará por acordos extrajudiciais.

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O anúncio foi feito após reunião com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. “Falamos a ela sobre a nossa intenção. Queremos fazer acordos extrajudiciais e estamos buscando assinar, com a maior celeridade possível, ações com as autoridades do Estado de Minas que permitam que a Vale comece imediatamente a fazer frente a este processo indenizatório”, disse.

Schvartsman disse que Dodge propôs a realização de novas reuniões com a empresa. “A PGR terá um papel relevante porque existe essa necessidade, mas um primeiro acordo está sendo dirigido no Estado de Minas, que é onde as vítimas estão e onde está a jurisdição do acidente que aconteceu.” O valor das indenizações não foi definido . “É o que tiver de ser. Quando for definida a extensão das vítimas, o valor será decorrente disso”, disse.

Schvartsman negou o temor que executivos sejam responsabilizados pela tragédia. “Eu não tenho nenhum motivo para temer a prisão de ninguém da Vale”, respondeu. E negou que os acordos tenham por objetivo aliviar a aplicação de futuras penalidades à empresa. “Nós não estamos em absoluto preocupados com esta questão. Estamos sinceramente muito chateados e tristes com o que aconteceu e queremos minorar o sofrimento das vítimas.”

A mesma resposta foi dada ao ser questionado sobre as possíveis punições pelos impactos ambientais causados pelo rompimento da barragem. “Todos os aspectos foram discutidos, mas concordamos que a primeira atenção é às vítimas.”

Ele descartou, porém, a possibilidade de que tenha havido conluio entre funcionários da Vale e da Tüv Süd, empresa alemã que atestou a segurança das barragens. Três empregados da Vale e dois funcionários da Tüv Süd foram presos terça. “A gente compreende que nessa hora, que é de consternação e tristeza, versões estranhas aconteçam de todas as coisas. Do meu conhecimento, nada disso existe. Muito pelo contrário, todo o procedimento da Vale tem sido, em todas as informações que me chegaram, absolutamente pertinentes e corretas.”

Sirenes

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Sobre uma falha nas sirenes que poderiam alertar funcionários sobre o rompimento da barragem, o executivo disse que o equipamento foi levado pela onda de rejeitos e, por isso, não funcionou da forma esperada. “A sirene é uma coisa trágica. Em geral, pelo que o histórico de rompimento de barragens demonstra, isso vem com algum aviso. Isso acontece aos poucos. Aqui aconteceu um fato que não é muito usual. Houve um rompimento muito rápido da barragem. E o problema é que a sirene foi engolfada pela queda da barragem, antes que pudesse tocar.”

Ellen Gracie lidera análise independente

O Conselho de Administração da Vale confirmou nesta quinta a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie como coordenadora do recém-criado comitê independente que vai ajudar a empresa a investigar responsabilidades sobre Brumadinho. A nomeação teve o aval da consultoria internacional Korn Ferry.

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