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Presidente do BNDES defende o 'desmame' do subsídio público à agricultura

Joaquim Levy também afirmou que recuperação dos empréstimos concedidos à Venezuela é 'prioridade' para o BNDES

Foto do author Cynthia Decloedt
Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Cynthia Decloedt (Broadcast), e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu nesta terça-feira, 26, o "desmame" de subsídios públicos para o financiamento do setor agrícola.

"A ideia é de que o desmame tem de acontecer. O desmame tem de acontecer", disse Levy durante o 20º CEO Brasil 2019 Conference, do BTG Pactual, em São Paulo (SP), ao ser indagado sobre as declarações sobre o tema da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, dadas ao Broadcast/Estadão. Ela avaliou que um "desmame" radical dos subsídios pode desarrumar o agronegócio, que responde por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.

"O desmame tem de acontecer", disse Joaquim Levy. Foto: André Dusek|Estadão

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Levy citou distorções causadas por subsídios agrícolas, como as pedaladas fiscais, que geraram um passivo bilionário que precisou ser devolvidos pelo BNDES ao Tesouro. "Tem R$ 20 bilhões de pedaladas, R$ 20 bilhões de crédito rural que não tinha sido pagos e que devolvemos", afirmou.

O presidente do banco de fomento estatal classificou o BNDES como "o parceiro número um do aumento da produtividade da agricultura", com o financiamento de máquinas e "ninguém se toca", afirmou. Levy lembrou que o BNDES fomentou o crescimento do setor sucroenergético com o financiamento de usinas, o que mudou a paisagem rural e gerou renda para áreas ocupadas pela cana-de-açúcar. "Algumas áreas do setor eram pastagens, que passou a ser usada para plantação mecanizada, principalmente com usinas. Áreas com um setor sucroalcooleiro moderno criou classe média que não existia". No entanto, ao ser indagado sobre a crise posterior no setor, com a recuperação judicial e o fechamento de dezenas de unidades produtoras de açúcar e etanol, Levy foi pragmático: "Se não funcionou, não funcionou; temos de ser absolutamente capitalistas. É a perda do capital do investidor", concluiu.

Recuperação dos empréstimos à Venezuela é prioridade, diz Levy

A recuperação dos empréstimos concedidos à Venezuela é uma das prioridades do BNDES, disse o presidente do banco de fomento.

"Parte desse dinheiro deve ser recuperado, há alguns empréstimos pagos, outros nem tanto. No entanto, a Venezuela vai envolver grande negociação internacional que deve acabar no Clube de Paris. Vamos ver", comentou, acrescentando que a "prioridade numero um é a recuperação desses recursos".

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Reforma da Previdência trará capital privado

A reforma da previdência é fundamental para criar um ambiente de estabilidade fiscal e atrair o investidor estrangeiro para a infraestrutura, assim como, em um segundo momento, as reformas setoriais, disse o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“A reforma é importante para dar estabilidade e atrair o investidor. Só assim terei parceiro do setor privado para financiar projetos comigo”, afirmou Levy.

Segundo ele, trazer previsibilidade fiscal é indispensável para que o mercado assuma riscos mais longos. “O sistema só destrava com previsibilidade fiscal, que começa com previdência, e se tiver reformas setoriais, estas são também indispensáveis”, completou.

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