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Presidente do BNDES quer ‘blindagem’ do banco em CPI

Rabello se comprometeu a entregar dossiê com ‘ações controversas’ na gestão petista

Por Renan Truffi e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, atua para blindar executivos e funcionários da instituição durante os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS no Congresso. Um dos alvos do colegiado são os investimentos feitos pelo banco na empresa de Joesley Batista durante os governos Lula e Dilma Rousseff.

Segundo Rabello, 'isso não tem nada a ver com funcionários' Foto: Fabio Motta|Estadão

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A criação da CPMI foi o que ajudou a derrubar Maria Silvia Bastos Marques da presidência do BNDES. Ela pediu demissão porque não gostou de ver que o governo e a base aliada não fizeram nada para barrar uma CPMI que poderá expor e desgastar a instituição.

Há uma semana no cargo, o novo presidente tenta uma estratégia diferente. Rabello de Castro quer assumir a defesa do BNDES, preservando técnicos e demais executivos. Em troca, ele se comprometeu a entregar um “dossiê” detalhado de todas as “ações controversas” tomadas durante a gestão do ex-presidente do banco Luciano Coutinho nos governos do PT.

Durante a gestão de Coutinho, a JBS se tornou o símbolo da política de campeões nacionais, com sucessivos aportes de recursos realizados pelo banco. Foi por conta dessa política que a JBS se transformou numa das maiores empresas de proteína animal do mundo.

“Se for para tratar do BNDES, respondo sozinho. Vou responder solitariamente. Isso não tem nada a ver com funcionários. Eu pretendo trazer um documento sobre essas perguntas, um relatório do que é controverso. O fato de um ou dois funcionários terem cometido alguma falha analítica não tem nada a ver com o banco. Uma falha pode ter acontecido porque não houve uma checagem. Avião não cai? Por causa disso você deixa de usar a companhia aérea?”, questionou.

Encontro. Ontem, Rabello de Castro se encontrou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em sua residência oficial, em Brasília, acompanhado do deputado Carlos Melles (DEM-MG). Melles é o relator de um pedido de fiscalização da empresa de frigoríficos, aprovado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara na semana passada. Foi o próprio Rabello quem solicitou o encontro com Maia. O presidente da Câmara negou que esse tenha sido o assunto da reunião.

Além de Maia, o presidente do BNDES procurou o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que deve ser o presidente da CPMI da JBS no Congresso. Eles trataram do assunto no gabinete do senador. “O objetivo dele (Ataídes Oliveira) é a defesa do interesse nacional, foi isso o que ele me falou”, disse Rabello de Castro ao sair do encontro.

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Essa não é primeira CPI que tenta investigar fatos relacionados ao BNDES. Em 2015, uma outra comissão foi aberta para apurar as operações do banco sob o comando de Coutinho. Na ocasião, com ajuda da base do governo Dilma Rousseff, a gestão petista conseguiu obstruir os trabalhos.

Relator da CPI Mista da JBS, o deputado Alexandre Baldy (Podemos-GO) afirmou que pretende convocar Rabello para dar explicações na CPI.

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