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Pressão externa continua e dólar atinge máxima em 2 meses

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Por Silvio Cascione
Atualização:

A valorização do dólar em todo o mundo continuou a repercutir no Brasil nesta sexta-feira, levando a taxa de câmbio para o maior patamar de fechamento desde 11 de junho. A divisa terminou a semana a 1,639 real, com alta de 0,74 diária de por cento. O dólar, que subiu em nove das onze sessões de agosto, acumula alta de 4,86 por cento no mês. O mercado brasileiro refletiu o fortalecimento do dólar no exterior. Com a aparente resistência dos Estados Unidos a uma recessão e com a retração econômica da zona do euro e de outras regiões desenvolvidas, os investidores têm alterado o posicionamento no mercado internacional de câmbio. "A gente vê que economias como Alemanha, França e Itália estão em desaceleração, e enquanto a gente não vir uma reversão desse quadro, o dólar vai ganhar espaço frente a todas as moedas", disse Gerson de Nobrega, gerente da tesouraria do Banco Alfa de Investimento. Nesta sessão, o euro caiu para o menor valor em seis meses diante do dólar. A libra recuou para a mínima em dois anos, e o iene voltou ao nível do começo de 2008. Segundo Vanderlei Arruda, gerente de câmbio da corretora Souza Barros, o mercado já começa a ver a mudança como uma tendência de longo prazo. "Esse ajuste, talvez até um pouco exagerado nesse primeiro momento, é uma situação que alguns analistas já estão dando como contínua e progressiva". É difícil avaliar, no entanto, se há fôlego para a continuidade da alta do dólar no Brasil no curto prazo. Segundo os analistas, o mercado vai acompanhar o cenário internacional e o preço das commodities --que caíam cerca de 2 por cento nesta tarde-- para estender ou não esse movimento. "(O dólar) tem espaço para bater próximo a 1,70 (real) ao longo do mês", afirmou Nobrega. Já Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, acredita que a continuidade da alta é artificial e que o posicionamento dos bancos em derivativos cambiais leva a crer que o dólar possa voltar a 1,60 real no curto prazo. "Este movimento (no Brasil) é carente de base fundamentalista neste momento", escreveu em relatório. "Não há risco imediato de deterioração das contas externas brasileiras, ancoradas num suficiente saldo de reservas cambiais e no bom fluxo de investimentos estrangeiros produtivos", acrescentou. O Banco Central realizou um leilão de compra de dólares na metade da sessão. Nenhuma das propostas divulgadas foi aceita, segundo um operador, e a taxa de corte foi de 1,6360 real.

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