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Pressão para acelerar julgamento da fusão Perdigão/Sadia irrita membros do Cade

Porta-voz da BR Foods culpou o atraso pela estagnação do plano de investimentos da nova companhia

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

As investidas do porta-voz da BR Foods, o ex-ministro do governo Lula e atual copresidente do conselho da administração da empresa, Luiz Fernando Furlan, para acelerar o julgamento da união entre Perdigão e Sadia estão irritando membros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). "Se o ministro quer partir para o tudo ou nada, que esteja preparado para o nada", ameaçou um conselheiro.

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Na semana passada, o ex-ministro, que é primo de um dos conselheiros (o decano Fernando Furlan), culpou o atraso na avaliação do órgão antitruste sobre o caso pela estagnação do plano de investimentos da nova companhia, formada pela compra da Sadia pela Perdigão. Esse plano, segundo o copresidente da BR Foods, possui detalhamento até 2015 e levou em conta que o processo de fusão seria aprovado em um ano, mas há 15 meses ainda não há um parecer sobre o caso.

Na ocasião, o presidente do Cade, Arthur Badin, enviou e-mail à Agência Estado salientando que o processo chegou às mãos dos conselheiros há menos de um mês. "O Cade está envidando todos os esforços para que o julgamento seja feito o mais rápido possível, dada a complexidade do caso", escreveu o presidente. Diplomático, Badin avaliou que as declarações de Furlan reforçam o coro das entidades representativas do empresariado brasileiro de aprovar a lei que está no Senado e que, entre outros pontos, estabelece prazos definidos para os julgamentos.

Em 29 de junho, a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda emitiu seu parecer sobre o caso e só depois enviou seu parecer ao Cade. Pela Secretaria, a operação só deve ser aprovada pelo Conselho se houver uma série de restrições às empresas envolvidas. Uma das sugestões é a venda de uma das marcas - Sadia ou Perdigão - para uma terceira empresa. "O único a dar um parecer contrário até agora foi o da Fazenda, que é o governo", disse um conselheiro.

Na avaliação de conselheiros consultados, a pressa do presidente da BR Foods não tem razão de existir. "Até porque, o período de um ano (tempo em que o processo ficou na Seae) para analisar uma fusão deste porte é confortável em qualquer parte do mundo". Os conselheiros enfatizaram que estão abertos ao diálogo, mas não gostaram da insistência do ex-ministro em obter uma audiência com o presidente Lula. "O presidente não virá fazer pressão sobre nós, mas o próprio encontro já é uma forma de nos pressionar".

A grande questão é que o tempo dos empresários não costuma ser o tempo dos tribunais. Além de fazer análises em documentos das companhias que participam diretamente do negócio, o SBDC também interpela as empresas concorrentes. "Não podemos ficar passivos." A Agência Estado entrou em contato com a BR Foods, mas nenhum porta-voz da empresa quis se pronunciar sobre o assunto. Uma fonte de dentro da companhia garantiu, porém, que Furlan não está em um clima beligerante contra o Cade. 

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