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Pressionado, governo chama empresários para tentar explicar ações contra desmatamento

De acordo com um integrante do governo, Mourão falará do decreto que autorizou a presença das Forças Armadas no combate ao desmatamento ilegal e a focos de incêndio na Amazônia Legal.

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Por Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA – Pressionado por empresários brasileiros e estrangeiros para que tome alguma atitude concreta e apresente resultados contra o desmatamento na Amazônia, o governo vai se reunir com investidores na manhã desta quinta-feira, 9, a partir das 10 horas, para tentar convencê-los de que tem atuado para reduzir a queda da floresta e que tem compromisso com a preservação ambiental.

Áreas desmatadas para formar pasto escondidas por uma franja de floresta, para não serem vistas da estrada, no assentamento do Juma, município de Apuí, sul do Amazonas. Foto: Lourival Sant'Anna/Estadão

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Uma série de assuntos foi dividida entre ministros e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, para que passem pelos principais temas ligados à preservação do meio ambiente. Após as exposições que serão feitas pelos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, os investidores poderão fazer perguntas.

De acordo com um integrante do governo, o vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho da Amazônia, será responsável por falar do decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro em maio deste ano que autorizou a presença das Forças Armadas na Garantia de Lei e da Ordem (GLO) no combate ao desmatamento ilegal e a focos de incêndio na Amazônia Legal. A ação está permeada de situações polêmicas, com dados inflados de ações anteriores, paralisação de operações em campo e engessamento de recursos, como revelou o Estadão.

Mourão também falará sobre as questões indígenas, outro tema envolto em decisões que têm sido profundamente questionadas no setor. Nesta quarta-feira, 8, Bolsonaro vetou a obrigações do Poder Público com esses povos durante a pandemia, como garantia do acesso universal a água potável, distribuição gratuitamente materiais de higiene, de limpeza e de desinfecção das aldeias, e disponibilidade de leitos hospitalares e de unidade de terapia intensiva (UTI) e máquinas de oxigenação sanguínea.

Na semana passada, o vice-presidente recebeu Dário Kopenawa Yanomami para falar sobre a violência de garimpeiros contra povos indígenas na Terra Yanomami. Após o encontro, no entanto, Dário afirmou que Mourão afirmou que vai resolver o problema, mas "não explicou direito como vai resolver".

No encontro da quinta com investidores, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, deve falar sobre a importância da regularização fundiária para a preservação do bioma Amazônia, após o governo ter sido derrotado no Congresso, ao ver a MP da regularização fundiária, também conhecida como a MP da Grilagem, caducar por causa de falta de consenso entre os parlamentares.

No último final de semana, em entrevista ao Estadão, Tereza Cristina defendeu que o assunto é "prioridade no ministério". "Se você não souber quem é o dono, quem vai multar e fiscalizar? É preciso ter como responsabilizar. Hoje essa pessoa é excluída, está na informalidade total. O desmatamento é preocupante, mas também me preocupa muito a pobreza", afirmou a ministra.

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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, vai falar sobre a relação da sua pasta com a economia, como o programa de pagamento por serviços ambientais na Amazônia e o programa chamado "Adote um Parque", que busca patrocinadores para conservação de áreas.

Salles está pressionado dentro do governo, não agrada a ala militar do Palácio do Planalto e enfrenta seu período de maior desgaste no MMA, após ter tomado decisões polêmicas, como as que paralisaram os repasses novos do Fundo Amazônia, programa de preservação mantido com recursos da Noruega e Alemanha.

Na manhã desta quarta-feira, um dos ministros da ala militar, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), afirmou que a imprensa tem imputado a ele uma "sórdida campanha" contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "Parte da imprensa fica maldosamente e de forma vil , imputando a mim uma sórdida campanha contra nosso Min Ricardo Salles !! Quero reafirmar meu total apoio e apreço ao competente e dedicado Min do Meio Ambiente, que corajosamente vem enfrentando os ideólogos esquerdistas !!!", escreveu, em sua conta no Twitter.

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