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Previ tem provas de irregularidades na gestão Bosco

Por Agencia Estado
Atualização:

A Previ já tem provas de que houve irregularidades durante a gestão de João Bosco na diretoria de investimento do maior fundo de pensão do Brasil. Um inquérito administrativo foi aberto no final do ano passado e o caso pode parar na Justiça. O alvo é a aprovação da criação da Newtel, empresa que deu origem à longa batalha judicial travada entre os fundos de pensão e o Opportunity pelo controle de empresas de telecomunicações. Os dados coletados já foram encaminhados ao conselho deliberativo da Previ, que agora aguarda o final das investigações para verificar a necessidade de acionar juridicamente o diretor Bosco e até mesmo o então presidente Jair Bilac. "Já identificamos irregularidades na forma como o contrato foi assinado. Estamos olhando todos os detalhes e os critérios que foram utilizados para que o acordo fosse aceito pela Previ", disse uma fonte na fundação. O inquérito foi aberto no final da gestão de Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, três anos após as desavenças entre os fundos de pensão e o grupo Opportunity virem à toa. A fonte explicou que o inquérito demorou para ser aberto por ser difícil coletar os dados que, segundo ele, comprovam irregularidades na gestão de Bosco. "A criação da Newtel é a origem de todos os problemas. É o veículo que constituiu uma nova relação entre os sócios", afirmou o executivo. O imbróglio começou quando o consórcio liderado pelo Opportunity e os fundos de pensão venceu o leilão de privatização para a operação em telefonia celular em algumas regiões do País. O investimento foi reunido na Telpart, mas o Opportunity convenceu posteriormente as fundações a aportarem suas posições na Telpart em outra empresa, a Newtel, cujo maior acionista é o Opportunity. A criação da Newtel foi aprovada em 1998. A Previ acusa a gestora de recursos de má-fé na criação da Newtel, que segundo a diretoria do fundo, foi criada apenas para fortalecer a posição do Opportunity, que apesar de ter investido apenas 0,06% dos recursos conseguiu, por meio de um mecanismo financeiro, obter uma posição majoritária no bloco de controle das duas operadoras. Além da batalha judicial contra o Opportunity, a Previ quer agora investigar qual o interesse de Bosco ao aprovar um contrato que acabou sendo muito prejudicial ao fundo de pensão. O ex-diretor ainda faz parte do quadro de funcionários do Banco do Brasil, mas está licenciado sem remuneração. Posse O novo presidente da Previ, caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, deu mostras hoje durante sua posse, de que o fundo de pensão ingressará realmente numa nova fase, sob gestão petista. Ex-sindicalista, Sérgio Rosa, deixou claro em seu discurso que continuará "não tolerando as parcerias danosas, que não se ajustam à necessidade de proteger o patrimônio dos trabalhadores". Rosa, que foi diretor da Previ na gestão anterior, eleito em 2000 pelos funcionários do banco, foi um dos principais adversários à aprovação de decisões de governo, como a incorporação ao balanço do BB de superávits obtidos pelo fundo. "Os recursos que estão aqui não são para gerar lucro excedente, supérfluo, mas para garantir aposentadorias dignas", disse o novo presidente da Previ, que fez questão de agradecer a presença, na platéia, de antigos "companheiros" sindicalistas. O presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, que compareceu à posse, fez um rápido discurso, no qual referiu-se ao "jornalista Sérgio Rosa" como "um grande profissional e grande figura humana". A cerimônia durou pouco mais de meia hora e ao final foi servida apenas água mineral aos convidados, como comprovação da política de austeridade que a nova gestão pretende imprimir. Casseb comentou depois da solenidade que pretende manter conversas sobre "as coisas do passado", numa referência às pendências judiciais envolvendo Previ e Banco do Brasil, entre elas a questão da incorporação do superávit. Mas não deu pistas sobre a linha a ser adotada pelo patrocinador do fundo. "A Previ tem autonomia", disse. O presidente do BB afirmou também que o governo vê "com simpatia" a pulverização de parte das ações do banco e disse que o processo será retomado "no momento oportuno". Sérgio Rosa, que não quis dar entrevistas ao final da posse, fez questão de declarar no discurso que "os empresários sinceros continuarão a receber o apoio da Previ". Na platéia de 200 pessoas estavam muitos representantes de trabalhadores e aposentados e poucos da classe empresarial. O fundo, que administra um patrimônio de mais de R$ 37 bilhões, atende a 126 mil associados.

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