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Prévia da inflação fica em 0,78% em janeiro, no maior resultado para o mês desde 2016

A energia elétrica, que subiu 3,14%, foi o item que mais pesou no avanço do IPCA-15 este mês, segundo o IBGE

Foto do author Thaís Barcellos
Por Vinicius Neder , Gregory Prudenciano e Thaís Barcellos (Broadcast)
Atualização:

RIO e SÃO PAULO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia do indicador oficial de inflação do País, avançou 0,78% em janeiro, um alívio ante o 1,06% de dezembro. Foi a maior taxa para meses de janeiro desde 2016. Mesmo com o alívio, economistas reforçaram a preocupação com uma inflação mais espalhada e com reajustes nos próximos meses.

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Como esperado, a inflação no início de janeiro foi concentrada nos alimentos e na conta de luz. Tanto que os grupos alimentação e bebidas e habitação - no qual entra a conta de luz - responderam por 69% da alta de 0,78% no índice agregado, informou nesta terça-feira, 26, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em parte, a alta média dos preços foi menor em janeiro, em relação a dezembro, porque houve alívios nesses dois grupos. Alimentação e bebidas ficaram 1,53% mais caras no IPCA-15 de janeiro, ante 2,0% em dezembro. O custo geral com habitação avançou 1,44% ante 1,50% de dezembro.

Na alimentação, o alívio foi puxado pelos preços dos alimentos comprados para consumir em casa, que ficaram, em média, 1,73% mais caros em janeiro, ante um salto de 2,57% em dezembro. O destaque foi o recuo médio de 4,14% nos preços do tomate. Além disso, os preços das carnes (1,18%), do arroz (2,00%) e da batata-inglesa (12,34%) subiram menos, já que, em dezembro, avançaram 5,53%, 4,96% e 17,96%, respectivamente.

A energia elétrica teve alta de 3,14% em janeiro, de acordo com o IPCA-15. Foto: Ed Ferreira/Estadão

No grupo habitação, o alívio veio da conta de luz. Em janeiro, vigorou a bandeira tarifária amarela, que impõe taxa adicional menor do que a bandeira vermelha, que vigorou em dezembro - as taxas adicionais, conforme a cor das bandeiras, são introduzidas em função do acionamento, menor ou maior, de usinas térmicas, cujo custo de geração é maior. Mesmo assim, a energia elétrica, com alta de 3,14%, foi o item de maior impacto individual no avanço do IPCA-15 de janeiro. Em dezembro, a alta foi de 4,08%.

“Estamos em um cenário de inflação mais moderada do que nos últimos quatro meses, mas ainda é uma inflação pesada”, disse o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale. “Teremos o impacto dos reajustes em educação no mês que vem, vamos precisar acompanhar. Além de educação, há reajustes represados em outros setores importantes, como em Saúde, caso dos remédios e dos planos de saúde. Tudo isso tem que ser acompanhado porque podem fazer pressão na inflação”, completou.

Para o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otávio Souza Leal, “o número geral” da prévia do IPCA de janeiro “camufla o resultado não muito bom”. Isso porque, apesar do alívio no agregado, em relação a dezembro, os “núcleos” do índice - um cálculo que exclui as maiores variações, tanto para cima quanto para baixo - avançaram a uma taxa mais forte em janeiro do que no último mês de 2020.

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“O índice geral ficou mais baixo por motivos pontuais, no caso da minha projeção, por causa de passagem aérea e mobiliário. E alimentação segue bem pressionada, a taxa foi menor, mas mais itens subiram, influenciando a alta do indicador de difusão”, disse Leal.

O índice de difusão mede a proporção dos itens pesquisados no IPCA-15 que registraram alta de preços. O IBGE não faz esse cálculo nas prévias, mas, nas contas do economista Leonardo França Costa, do banco de investimentos ASA Investments, 73,80% dos itens pesquisados no IPCA-15 registraram alta em janeiro. Em dezembro, a difusão ficou em 63,20%.

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