Publicidade

Primeiro petróleo do pré-sal será extraído na próxima terça

Cerimônia, que contará com a presença de Luiz Inácio Lula da Silva, acontecerá no litoral capixaba

Por Kelly Lima e da Agência Estado
Atualização:

Localizado a 77 quilômetros da costa sul do Espírito Santo, o campo de Jubarte será o primeiro no Brasil a produzir óleo abaixo da camada de sal. Apesar de ser na Bacia de Santos que estão sendo depositadas as expectativas de maior volume de reservas no pré-sal brasileiro, é no litoral capixaba, ainda na Bacia de Campos, que o primeiro óleo será retirado desta formação geológica. Na próxima terça-feira, 2 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de cerimônia no local para a divulgação do feito, mas o óleo já vem sendo retirado do local desde o dia 15 de julho em fase de testes.   Veja também: Reserva internacional deve duplicar com pré-sal, diz Mantega Mapa da exploração de petróleo e gás Entenda as discussões sobre as mudanças na Lei do Petróleo País pode ter o terceiro maior campo de petróleo do mundo A maior jazida de petróleo do País Pré-sal deve elevar crescimento do País a 6% ao ano, diz ex-BC Exploração de petróleo no pré-sal implica riscos, diz IBP   A plataforma utilizada é a P-34, com capacidade de produzir 60 mil barris de óleo por dia. Ligada a 15 poços produtores, apenas um deles traz o óleo do pré-sal. Serão entre 10 mil e 15 mil barris por dia a partir de setembro. Os demais poços estão localizados sobre a camada de sal. Ao contrário das descobertas da Bacia de Santos, no entorno de Tupi, que revelaram reservatórios abaixo da camada de sal, no norte da Bacia de Campos, já no litoral capixaba, há reservas também acima.   No pré-sal da região do Parque das Baleias, a placa de sal menos espessa (cerca de 200 metros, ou dez vezes menos do que a de Santos, com 2 mil metros) permitiu que o óleo "vazasse" para níveis superiores. Daí a expressão comum no setor de que há uma bacia petrolífera abaixo da outra.   As reservas acima e abaixo da camada de sal também diferem em qualidade. Assim como na Bacia de Santos, os reservatórios do pré-sal possuem 28 a 30 graus API ante os 17 graus do óleo localizado em reservatórios encontrados em camadas menos profundas do subsolo, uma vez que as frações mais leves do óleo se perderam durante a migração.   Descoberto em janeiro de 2001, o campo de Jubarte faz parte de um complexo petrolífero batizado pela estatal de Parque das Baleias, com 1,2 bilhão de barris de petróleo equivalente (somado ao gás) em reservas provadas. Quatro descobertas foram feitas pela estatal naquela região, abaixo da camada de sal, mas ainda estão sob avaliação. Além de Jubarte, há ainda Cachalote, que terá dois novos poços do pré-sal em 2010, e os campos de Pirambu e Caxaréu, que apresentam reservatórios do mesmo tipo.   Na área de Jubarte, houve o desenvolvimento da produção projetado em três fases distintas. Na primeira, o FPSO (navio plataforma que também armazena o óleo) Seillean afretado pela Petrobras produziu 20 mil barris de óleo durante o Teste de Longa Duração. Já esta segunda fase é conduzida pela P-34 desde o final de 2006. Construída pela GDK no porto de Vitória, a plataforma ficou conhecida durante o escândalo do Mensalão, porque acusações feitas à época indicavam que o ex-secretário do PT, Sílvio Pereira, teria sido presenteado com Land Rover por um suposto favorecimento da empresa na licitação para a conversão da plataforma, orçada em US$ 120 milhões.   Em 2011, entra a terceira fase de desenvolvimento do campo de Jubarte, com a instalação da P-57, que teve sua primeira licitação cancelada e acaba de ter seu contrato assinado. A unidade, com capacidade para produzir 180 mil barris por dia, teve seu contrato assinado por US$ 1,25 bilhão, incluindo três anos de prestação de serviços operacionais da construtora, a SBM.   A unidade deve receber dois poços do pré-sal e outros de jazidas acima da camada de sal. Já há também programação para que um novo poço exploratório seja perfurado no Parque das Baleias ainda este ano, com o objetivo de avançar no trabalho de avaliação do pré-sal. As descobertas de óleo leve em altas profundidades levaram a companhia a estudar uma ampliação da Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba, em Anchieta, 80 quilômetros ao Sul de Vitória, que ainda está em fase de terraplanagem. Concebida para receber a produção das jazidas de óleo pesado (que contém pouco gás), a unidade foi desenhada com uma capacidade para processar 2,5 milhões de metros cúbicos por dia.   Há ainda uma forte expectativa de que o Parque das Baleias possua grandes reservatórios de gás natural. Hoje a região já queima uma quantidade considerável - cerca de 1,2 milhão de metros cúbicos por dia - por conta da falta de estrutura para escoamento deste gás. Se confirmadas as estimativas de reservas de gás naquela área, há também a possibilidade de construção de rede de dutos offshore abrangendo toda a área.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.